sábado, 29 de junho de 2013


30 de junho de 2013 | N° 17477
PAULO SANT’ANA

Saiu Luxemburgo

Foi demitido Vanderlei Luxemburgo. Ou demitiu-se. Há muito tempo que havia um rompimento ideológico entre a direção e o treinador. Ele só não tinha sido demitido porque o Grêmio não tinha dinheiro para pagar-lhe a multa milionária.

Há muito tempo que escrevi sobre os absurdos que ele vinha fazendo, que iam culminar com a sua demissão.

Vem de Brasília esta notícia: há um movimento lá, entre políticos e governos, para realizar um plebiscito e uma reforma política. É muito antiga a sugestão, mas ela agora se renova: querem adotar o voto em lista.

O voto em lista é o seguinte: cada partido faz uma lista de seus candidatos a vereador, a deputado estadual e a deputado federal. A lista tem numeração, 1, 2, 3, 4, e aí por diante, até quantos forem os candidatos de cada partido.

Por exemplo, se for apurado na legenda que o partido terá direito a eleger um deputado, só será eleito o número 1 da lista. Se, no entanto, tiver direito a eleger 20 deputados, os 20 primeiros da lista serão eleitos. E os seguintes aos primeiros 20 não serão eleitos.

Ou seja, reparem bem no engodo a que querem nos submeter: quem, afinal, escolherá os eleitos serão os partidos e não os eleitores. Vai acontecer, com isso, que nós vamos votar em determinados candidatos que no entanto não serão eleitos porque não estarão entre os primeiros da lista.

Quer dizer então que votaremos em um candidato e será eleito outro. Votaremos em Fulano e será eleito o Sicrano. E o Sicrano será aquele que o partido colocar na frente de sua lista.

Advirto os leitores: não entrem nessa fria!

Isso visa a apenas eternizar entre os eleitos os preferidos dos partidos, os escolhidos pelas corriolas para serem eleitos por serem os primeiros das listas.

Não entrem nessa fria.

Nada de voto em lista. Até vou adiante: é muito aconselhável que adotemos nessa tal de reforma política que estão engendrando uma ideia que está sendo apoiada pelo governador Tarso Genro: que seja possível aos eleitores votar em candidatos sem partido. Isso, sim, é uma boa ideia e temos de apoiá-la, ela acaba com o curral eleitoral e estende aos candidatos o direito de se candidatar sem passar pela peneira partidária, que muitas vezes exclui da lista dos partidos candidatos que tomariam o lugar dos apaniguados.

Grande ideia! Voto em lista, não esqueçam brasileiros, é um pega-ratão. É uma tramoia, um estratagema de alguns políticos para favorecer a nata partidária que domina as siglas.

Só o que faltava era agora o povo brasileiro se atirar a essas manifestações sublimes pelas ruas, só manchadas por uma minoria de vândalos e saqueadores, que se infiltram solertemente entre os legítimos manifestantes, para então recebermos essa bola nas costas denominada de voto em lista como “recompensa” para esse sacrifício.

O voto em lista é um cavalo de troia, pelo amor de Deus, não caiamos nessa esparrela.

E notem bem o truque: em todas as listagens sobre as modificações hipotéticas que poderão ocorrer com a reforma política, o voto em lista aparece em primeiro lugar.


É pega-ratão. Não caiam nessa! Não mordam esse queijo, pois assim ficarão presos na ratoeira.