quinta-feira, 17 de maio de 2018



17 DE MAIO DE 2018
+ ECONOMIA

DÓLAR PESA MAIS QUE FREIO

No dia em que se combinaram a quarta alta sucessiva do dólar no país e a divulgação do indicador do próprio Banco Central (BC) que mostrou freada na reação da economia, a instituição surpreendeu até quem defendia essa estratégia: manteve o juro básico em 6,5% ao ano. Antes da reunião, o BC havia sinalizado em comunicados e reiterado com entrevistas de seu presidente que a hipótese mais provável era corte adicional de 0,25 ponto percentual.

Uma semana antes da reunião, Ilan Goldfajn, presidente do BC, respondeu a uma pergunta sobre o efeito da alta do dólar na decisão afirmando que seriam levadas em conta apenas inflação e atividade econômica. Além de confirmar um duplo mandato não formalizado para o BC brasileiro, reforçou as projeções de um novo corte. Pela primeira vez, não coordenou as expectativas, o que vinha fazendo desde que assumiu o BC.

No comunicado divulgado após a reunião, o BC menciona "a evolução dos riscos (...) associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas". Assim, o BC vê redução das "chances de a inflação ficar abaixo da meta (...)". Ou seja, preços vão subir. É o risco Trump.

Mas a instituição também aponta responsabilidade interna, ao observar que "frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira podem afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária". É o risco Temer.

O recuo de 0,13% no Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) no primeiro trimestre, em relação ao período anterior de três meses, provocou nova revisão das projeções para o PIB no ano. Os analistas já haviam reduzido as estimativas médias de 3% para 2,5%. Desta vez, muitos cortaram de 2,5% para 2%. Novas alterações vão aguardar o anúncio oficial do PIB de janeiro a março, marcado para o próximo dia 30. Se confirmar dado negativo, haverá tensão sobre o período abril-junho. Um novo recuo coloca o país de volta na recessão.

marta.sfredo@zerohora.com.br - MARTA SFREDO