03
de abril de 2015 | N° 18121
ECONOMIA
| Marta Sfredo
O PESO DA LAVA-JATO NO
PIB
Foi
de muita cautela o tom da teleconferência realizada ontem por um grupo de
economistas e especialistas em Direito sobre o impacto econômico da Operação
Lava-Jato. O dado mais impactante redução de R$ 87 bilhões no Produto Interno
Bruto (PIB) do Brasil em 2015 foi resultado de um cenário conservador, conforme
explicou Gesner Oliveira, ex-presidente do Conselho Administrativo de Direito
Econômico (Cade) e sócio da consultoria GO Associados.
O
cálculo é baseado em redução de 20% dos investimentos da Petrobras e de 10% nos
projetos de empresas de obras públicas do setor de construção civil, as mais
afetadas pela investigação da força-tarefa de Curitiba.
Uma
perda deste tamanho equivaleria a quase 2% do PIB, mas os organizadores
destacaram que há compensações que mitigam o efeito do freio na construção
pesada na economia. No entanto, a queda na atividade deste ano projetada no
estudo é de 0,5%.
– É
possível atenuar os efeitos se houver cuidado, como parece ser o caso, de
promover parcerias público-privadas, concessões e o ajuste do câmbio, que
estimula exportações e aumenta a competitividade do produto nacional, com
resgate da credibilidade da política econômica – ponderou Gesner.
A
conversa tangenciou hipóteses mais complexas, tratando esses desdobramentos
como possíveis, não como prováveis.
Frisando
que não se trata de defesa do abandono da investigação –“muito pelo contrário”
–, Gesner recomendou que a investigação e o julgamento sejam feitos da forma
“mais técnica e cuidadosa possível”, para demonstrar irregularidades e eliminar
os problemas “sem dano ao mercado, à concorrência e ao capital social”.
– É
muito importante que haja cuidado para evitar restrição de crédito muito maior
do que a que normalmente ocorreria com a queda na atividade econômica –
destacou o economista.
O
estudo feito pelo Centro de Estudos de Direito Econômico e Social (Cedes) e
pelo Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais do Mestrado
Profissional em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas
(FGV-EAESP) será discutido em seminário em São Paulo na segunda-feira.
NO
DIA DO COELHO, GANHA A TARTARUGA
Nos
últimos dias de compras antes da Páscoa, consumidores menos apressados podem
encontrar ovos de chocolate com preços mais em conta do que nas semanas
anteriores. A expectativa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) era de
que 40% dos ovos fossem vendidos entre quinta-feira e sábado.
– A
baixa de preço ocorre porque não é interesse da indústria receber esse produto
de volta – observa o presidente da Agas, Antonio Cesa Longo.
Bombons,
barras e ovos pequenos tiveram aumento nas vendas este ano. Mesmo diante de um
consumidor mais arredio, a expectativa da Agas é de que não sobrem muitos ovos
nas prateleiras depois do feriado. Como os supermercados já previam redução nas
vendas, compraram 5% menos produtos do que no ano passado.
No
centro do país, as promoções de produtos de Páscoa começaram antes do habitual,
com descontos de até 35%.
APROVADA
NA SEMANA PASSADA PELA ASSEMBLEIA, A NOVA DIRETORIA DO BANRISUL DEVE ASSUMIR A
GESTÃO DO BANCO AINDA NESTE MÊS. FALTA PASSAR POR AVALIAÇÃO DO BANCO CENTRAL,
ÚLTIMO TRÂMITE BUROCRÁTICO ANTES DA TROCA DE DIREÇÃO.
PARA
TENTAR EVITAR O LAYOFF
Responsável
por cerca de 60% da economia de Caxias do Sul, o setor metalmecânico enfrenta
dificuldades para manter postos de trabalho. Entre setembro de 2013 e dezembro
de 2014, foram cortados 7,2 mil num total de 55 mil. Ontem, funcionários de
sete unidades do Grupo Randon aprovaram a flexibilização da jornada em abril,
maio e junho.
Segundo
o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de
Caxias do Sul (Simecs), houve redução de 509 empregos em janeiro deste ano,
seguida de leve recuperação em fevereiro, com 70 vagas a mais, e de nova
retração em março, que deverá ter ao menos 400 demissões, dado ainda não
oficial. Hoje, o município emprega 47,5 mil profissionais no setor.
– A
alternativa da flexibilização evita a adoção de medidas como layoff ou planos
de demissão voluntária – afirma o presidente do Simecs, Getulio Fonseca.
As
fábricas também devem estender os feriados para reduzir custos e estoques.
Dados do Simecs apontam redução de 27,7% na receita do segmento em janeiro e
fevereiro, em relação ao mesmo período do ano passado. A melhor perspectiva é
de que o dólar eleve a exportação e traga melhora entre junho e julho.
O
layoff é um instrumento legal que prevê suspensão do contrato por cinco meses,
durante os quais ganha bolsa de qualificação do governo. A empresa completa o valor
que falta para chegar ao salário habitual.
EM
LAYOFF
Ao
menos 450 trabalhadores da Pirelli em Gravataí devem entrar no regime de layoff
que a empresa pretende adotar nas quatro fábricas do Brasil. A medida, ainda em
negociação, foi anunciada quarta-feira como tentativa de adequar a produção à
demanda.
Ontem
pela manhã, a empresa comunicou oficialmente a suspensão temporária dos
contratos de cerca de 400 funcionários da unidade em Santo André (SP). A
reunião com o sindicato dos trabalhadores de Gravataí será na próxima semana.
Presidente
da entidade, Moacir Bitencourt afirma que o sindicato vai exigir compensações
além das previstas na legislação. Segundo o sindicato, a Pirelli emprega cerca
de 2 mil trabalhadores no município gaúcho.
JUS
ESPERNEANDIS
Escolhida
pelo governo para reforçar o ajuste por ter amparo legal – em tese –, a
elevação da alíquota de PIS/Cofins sobre receita financeira de empresas pode
aumentar o trabalho da Justiça. O advogado Fabio Brun Goldschmidt, diretor do
escritório Andrade Maia Advogados, afirma já estar preparando várias ações
questionando a constitucionalidade da medida. Segundo Goldschmidt, o Supremo
Tribunal Federal (STF) tem dado ganho de causa em situações semelhantes.
DIVERSÃO,
EM CASA
O
efeito “menos renda disponível” foi traduzido em alguns números pelo estudo
Mudanças do Mercado Brasileiro, da Nielsen. Depois de conquistar um novo padrão
de consumo, os brasileiros querem manter o que conquistaram, mesmo em período
recessivo. Para equilibrar mais gastos essenciais, como luz e combustível, 64%
dos entrevistados diminuem o lazer fora do lar e 13% estão economizando para
pagar dívidas atrasadas.