sexta-feira, 3 de abril de 2015

Jaime cimenti

Páscoa

Páscoa, passagem, sempre bom lembrar que estamos nessa vida de passagem e que essa passagem quase nunca dura tanto quanto gostaríamos. Quase sempre gostaríamos de uns minutos a mais depois do apito final do juiz, nos 90 minutos ou nos trinta da prorrogação do jogo. Melhor ir atrás, viver os sonhos, fazer as coisas, não ficar esperando para deixar recado só no epitáfio. A vida é curta, passa depressa. Felicidade é quando você não faz muitas perguntas e quando vê que tua passagem por aqui está valendo a pena.

A Páscoa é a cerimônia mais importante da Igreja Católica, celebrando a crucificação, a morte e a ressurreição de Cristo. A oficialização foi no ano 325 d.C. Em muitos países, a Páscoa coincide com o fim do inverno e a chegada da primavera, daí coelhos, ovos e outros símbolos de vida e fertilidade.

Para os israelitas, a Páscoa é mais antiga, é o Pesach e data de 1.325 a. C. Celebra a libertação do povo judeu do cativeiro do Egito, através do Mar Vermelho, liderados por Moisés. Símbolos de vida como o peixe e o pão sem fermento, o matzá, são utilizados, e a ideia de passagem, de vida e de libertação sempre estiveram presentes.

As histórias, ideias e crenças milenares que envolvem a Páscoa é claro que não permaneceram por acaso e nem apenas por obra ou insistência das religiões. O ser humano precisa delas para viver, seguir adiante sua aventura cotidiana no planeta. Meio complicado administrar as milhares de calorias dos ovos de chocolate, dos bolos e doces, vá lá. Melhor cozinhar os ovos de galinha, pintá-los e degustá-los com peixe, bacalhau, azeite de oliva e uma saladinha. Dieta mediterrânea está em alta moda. Sua passagem pela vida será maior, mais saudável e, claro, custará menos para o seu bolso, que já anda, como de costume, bastante achacado pelos governantes de costume.

Essa ideia de passagem está presente mais do que nunca nesta nossa época de tempos, imagens, sons, pessoas e tudo o mais tão passageiro. Mesmo sem sair de casa, você não tem muita certeza do que vai passar. Sei lá, um avião pode entrar pela sua janela, um tsunami, uma manada de búfalos voadores, um invasos doido, sei lá. Se sair de casa, bom aí, nem preciso falar. Reze! Se for andar de avião, reze pelo overbooking, pelos controladores de vôo, pelos mecânicos da manutenção e pela saúde mental dos pilotos. Reze pela saúde dos santos, do Papa e de Deus, sempre ajuda.

Pois é, se te crucificarem na sexta, se te apedrejarem, te xingarem com tudo o que é mentira, se te injustiçarem e não entenderem e não aceitarem tuas mensagens de paz e amor, pensa em passagem, em transição, pensa que no domingo, quem sabe, vais viver de novo, vais até perdoar os malvados, mesmo sem esquecê-los, que esquecer é mais complicado. Pensa que Páscoa é passagem, é morte, vida e infinito. Páscoa é ir tirando mágicos, moças e cartolas de dentro dos coelhos. É ir encontrando poesia e sentido no horizonte que parece vazio.

a propósito...

Passado o momento da Páscoa, principalmente num País de alta tradição católico-cristã como o Brasil, quem sabe a celebração sirva de inspiração para os políticos, especialmente os que estão em Brasília, para pensar em renascimento do País, para pensar a sério em suspensão de reeleições, controle de verbas para campanhas, voto distrital, diminuição do tamanho de parlamentos, ética na política, fortalecimento de Estados e Municípios.

Enfim, quem sabe dos ovos de Páscoa da política nasçam os bons filhotes que a população está pedindo. Seria certamente melhor do que dolorosos apedrejamentos e crucificações e, ai!!! Ressurreições.