23 de setembro de 2013 |
N° 17562
EDITORIAIS ZH
Acima do limite
Mesmo com engarrafamentos que
obrigam os motoristas a trafegar lentamente nas estradas gaúchas, as mortes no
trânsito marcaram o feriadão da data farroupilha. Mas, pelos registros
policiais divulgados até agora, ninguém morreu no meio de um congestionamento.
Os acidentes fatais, como é
praxe, ocorreram em locais onde os veículos tinham espaço para desenvolver
velocidade, e a maioria deles resultou de desrespeito aos limites legais. O que
mais mata, como comprovam os estudos e as estatísticas de trânsito, é o excesso
de velocidade.
E o mais alarmante, segundo
alguns trabalhos especializados, é que o excesso letal não precisa se
caracterizar como loucura ao volante. Mesmo quem dirige apenas cinco
quilômetros horários acima da média em áreas urbanas ou 10 acima do permitido
em áreas rurais já está dobrando o risco de se envolver em acidente.
A velocidade acima do limite faz
aumentar o tempo de freada, eleva a probabilidade de o motorista perder o
controle do veículo, diminui sua capacidade de antecipar riscos e confunde os
outros atores do trânsito, condutores e pedestres, em relação ao deslocamento.
O trânsito é um caos porque os
motoristas fazem dele um caos. A impaciência, a falsa esperteza, o desrespeito
às regras e aos demais condutores, o exibicionismo, a prepotência e o uso do
carro como arma são alguns desvios de personalidade que transformam o dia a dia
das estradas num ambiente de guerra. Todos esses fatores, aliados à ingestão de
álcool por alguns motoristas, o que potencializa a imprudência, resultam no
morticínio que se repete a cada fim de semana. Estradas ruins, sinalização deficiente
e policiamento inadequado representam um percentual infinitamente menor neste
contexto.
A verdadeira engenharia de
trânsito para salvar vidas deveria ser feita na cabeça dos motoristas.