terça-feira, 24 de setembro de 2013


24 de setembro de 2013 | N° 17563
PAULO SANT’ANA

Toneladas de açúcares

Os meus colegas e amigos aqui de ZH ficam impressionados comigo: o meu lanche vespertino consiste de um mil-folhas gigante e uma Coca-Cola Zero. Eles não entendem como posso comer um doce com uma tonelada de açúcar e junto uma Coca Zero.

É que, se eu for acrescentar ao mil-folhas uma Coca normal, a minha glicemia sobe ainda mais para as estrelas.

Interessante é que para comer salgados tenho de ter apetite. Já os doces, devoro-os mesmo sem apetite.

Mesmo que eu esteja com fome, se me puserem na frente uma salada de legumes temperados e uma salada de frutas, opto pela última.

É bobagem, sei disso, mas às vezes desconfio que fiquei diabético de tanto comer toneladas de doces.

Da mesma forma, uma pessoa pode se tornar diabética sem gostar de doces e sem ingerir sequer um grama de açúcar entre seus alimentos.

Por sinal, se me fosse oferecida a opção de passar fome ou passar sede, escolheria de olhos fechados a primeira.

Prefiro ser faminto a ser sedento.

Talvez porque ultimamente tenho ingerido mais de um litro e meio de água gelada durante todos os intervalos entre sono e vigília nas minhas noites.

Essas sessões de autoliquefação me sobrevêm por força de que me acordo várias vezes durante a noite pelo alarma de que tenho de fazer pipi.

E quem ingere água a toda hora acaba ali adiante de ter de expeli-la. Nessa roda de moinho, acabo me envolvendo durante todas as noites.

Por sinal, há na Rádio Gaúcha atualmente um anúncio comercial que trata das crianças que fazem xixi na cama, o que aconteceu comigo até os 10 anos de idade.

Lembro-me de que meu pai me levou a um psiquiatra e que este me receitou simplesmente que eu nunca mais bebesse água depois das cinco horas da tarde.

Foi um santo remédio, mas sabe Deus o que me custou não poder beber água durante cerca de metade do tempo em que permanecia acordado.

Como compensação, até as cinco horas da tarde eu bebia litros e litros de água sem ter sede.

Não há tortura maior do que beber água sem ter sede ou ser obrigado a comer sem ter fome.

Beber água sem ter sede é o mesmo que ter de ver todos os dias uma pessoa de quem não se sente falta ou saudade.