sábado, 14 de julho de 2018


14 DE JULHO DE 2018
ARTIGO

PARA MEDITAR...

Apergunta se impõe: a vida é só um contínuo comprar e vender, como se fôssemos máquinas de troca de mercadorias? Ou o viver tem uma transcendência maior, em busca de valores de convivência e, por isto, surgiram as religiões, as filosofias e as ciências?

Indago em função de certas atividades e pseudoprofissões surgidas como mercadoria no dia a dia da sociedade de consumo. Já não bastam os "lobistas" pressionando em favor de quem pague mais. Agora surgem os "influenciadores", como este jornal mostrou dias atrás.

Não se exige deles formação ética, científica ou filosófica para serem "influentes", nem mesmo poder político. Sabem, porém, manejar as modernidades eletrônicas e, apertando botões, entram em nossas casas com um ar "superior". Se parecem a estranhos pulando a janela, mas os recebemos como anfitriões.

O telefone celular desfez as distâncias e nos leva a todos os lugares, mas não educa nem é instrumento para nos influenciar e apontar caminhos. Que sabedoria, curriculum ou comprovada aptidão têm os "influenciadores" para se autoproclamarem nossos conselheiros?

Toda atividade exige formação específica. Quem consultará um exímio mecânico de automóvel sobre o pulsar do coração? Ou vice-versa. Agora, porém, qualquer um vira "rede social" e espalha fantasias, invencionices ou mentiras. Sobrando espaço, pode até contar verdades...

Os "influenciadores" vão além: tal qual aliciadores sob contrato, adotam qualquer postura - "sim" ou "não" - dependendo de quem pague. Assim, novos mercenários do novo século indicarão nossos caminhos. E nossa vida pode se resumir à contínua barafunda da vulgaridade de um imenso Big Brother da TV...

Meditemos sobre isto, antes que a esperteza domine a Justiça e a vergonha nos cegue, como agora.

O plantonista de fim de semana do TRF-4 que mandou soltar Lula da Silva pode continuar fazendo das leis um brinquedo que a fantasia infantil torce e distorce em busca de uma forma inexistente?

Se o juiz arma o próprio erro, quem o controla? E quando o erro vem de uma provocação preparada por três deputados para anarquizar e desmoralizar a Justiça?

Perdoai-me pela observação, mas o horror nos ronda a cada passo. Ou não foi vergonhoso que o presidente da Câmara de Vereadores da Capital usasse gás lacrimogêneo contra o público que externava opiniões?

Meditemos. Com meditação, os guris da Tailândia sobreviveram sem alimentos nos nove dias iniciais na gruta escura e úmida!

Jornalista e escritor - FLÁVIO TAVARES