domingo, 22 de julho de 2018


18 DE JULHO DE 2018
ARTIGOS

O EXERCÍCIO DA MALDADE


Existem pessoas que praticam tanta maldade, que devemos fazer o possível para nos afastarmos delas. O ambiente dessas pessoas torna-se um nicho ecológico de doenças para a alma. Ao permanecermos nesses locais, corremos o sério risco de que o mal em nós também acabe se manifestando. Afastar-se dessas pessoas é um ato de extrema e generosa coragem. A coragem é uma forma de demonstrarmos que, mesmo tendo razão, optamos pela gentileza do afastamento. Que essa gentileza seja vista como sinal de fraqueza, ou covardia, é algo que não nos pertence. Esse pertencimento é propriedade dos covardes. Os covardes são cruéis, pois a crueldade que praticam e disseminam é o combustível que os move. É a energia que alimenta e tonifica suas tristes e doentes almas.

Os covardes são tão menores quanto maior for sua capacidade de praticar a maldade. Quando sua maldade não cabe mais em seu pequeno ser, ela transborda e quem está próximo pode se contaminar. Há que estarmos atentos para que não fiquemos parecidos com essas pessoas. Mas como perceber que estamos ficando com elas parecidos? Quando percebemos que estamos fazendo as mesmas coisas que elas fazem. E como evitar ficarmos parecidos com esses seres da maldade? Evitando aceitá-los(as) como "inimigos" e procurando não agir contra eles e jamais usar os mesmos métodos que usam.

Certamente, isto não é uma receita de bolo, mas pode nos ajudar a lidar, de forma menos doentia, com aqueles(as) que sentem prazer com o exercício da maldade. Difícil isto? Sim.

O mestre Dalai Lama ensina que uma maneira de começarmos a exercitar essa possibilidade. É pensando que nosso "inimigo" é apenas mais um ser que, como nós, está passando por este mundo e que o faz da maneira que consegue. Portanto, tudo aquilo que esse ser faz é o que ele consegue ser e fazer de melhor na sua existência. Existência, da qual, por algum motivo, tivemos a oportunidade de participar. Não há como nos esquivarmos de algumas obviedades: (1) toda a maldade é humana; (2) o ser humano não se resume a maldade, e (3) a elevação espiritual não está na brutalidade, mas, sim, na delicadeza.

Professor da UFSM e escritor vbarcelos@terra.com.br - VALDO BARCELOS