quinta-feira, 12 de julho de 2018



12 DE JULHO DE 2018
OPINIÃO DA RBS

FORA DA REALIDADE

Aproximidade das eleições e, virtualmente, o fim do ano legislativo antes do pleito aceleraram a aceitação e votação de pautas-bomba no Congresso. Armados para implodir as expectativas de conserto das contas públicas e a consequente retomada do desenvolvimento, os projetos que atacam os cofres públicos são resultado de uma tortuosa mentalidade política brasileira. Por ela, cabe apenas ao Executivo zelar pelos impostos dos contribuintes muitos parlamentares, sem compromisso com a realidade e o equilíbrio financeiro, comportam-se como adolescentes irresponsáveis intoxicados pela farra com o dinheiro dos outros.

A festança com os impostos não tem limites. Vai da tentativa de derrubar as determinações da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 que impedem mais aumentos de cargos e salários públicos à anistia de multas a motoristas e transportadoras por descumprimento da lei durante a greve dos caminhoneiros. Algumas pretensões, que incluem desde compensações maiores por desoneração sobre exportações até a perspectiva de criação de novos municípios, podem ampliar os dispêndios do Tesouro em, no mínimo, R$ 48,3 bilhões.

Em países mais avançados, parlamentares que ousam propor o mau uso de impostos ou benesses para atender a motivações promíscuas - a anistia a empresas de transporte, por exemplo, foi proposta por um parlamentar ligado ao setor - são despachados para um limbo político. No Brasil, ainda estamos distantes de punir com a derrota eleitoral quem pretende fazer da demagogia com dinheiro do contribuinte um trampolim para o voto.

Parlamentares que se comportam como se não houvesse amanhã, que ignoram regras básicas da economia e do uso racional e produtivo do dinheiro público deveriam ser parte de um passado anacrônico de uma nação prisioneira da politicagem e do toma lá dá cá. Infelizmente, os populistas seguem vendendo ilusões, atendendo a interesses menores e ceifando assim a esperança de dias melhores.

A irresponsabilidade com a coisa pública só terá fim nos parlamentos brasileiros - Assembleias e Câmaras de Vereadores incluí- das - quando o eleitor der-se conta de que é ele, por meio de seus impostos e de seu voto, quem sustenta o ataque ao seu próprio dinheiro. Quando os que torram o futuro da nação na feira de benesses e delírios orçamentários não forem mais ignorados ou mesmo festejados por grupelhos beneficiados, aí então haverá uma chance de retomarmos o caminho do combate ao desemprego e da prosperidade para todos.

OPINIÃO DA RBS