segunda-feira, 24 de setembro de 2012



24 de setembro de 2012 | N° 17202
CAPA - DESEJO CONTINENTAL

João Gilberto Noll lança “Solidão Continental” quarta-feira, no StudioClio

Depois de uma incursão pelo romance infantojuvenil (com Sou Eu!, O Nervo da Noite e Anjo das Ondas, editados pela Scipione), João Gilberto Noll voltou à literatura adulta com Solidão Continental (Record, 128 páginas, 27,90). O autor lança o livro nesta quarta-feira, às 19h30min, no StudioClio, na Capital, em encontro com o público que inclui sessão de autógrafos e leitura de trechos na voz do próprio Noll.

Solidão Continental conta a viagem de um homem maduro, segundo o professor da USP Jefferson Agostini Mello “ávido por consumir o que lhe resta de virilidade”, numa sucessão de encontros que começa em Chicago e termina com sua volta a Porto Alegre. A narrativa em primeira pessoa tem aquele intimismo radical, às vezes atordoante, que os leitores de Noll experimentam desde títulos como Lorde e Berkeley em Bellagio, publicados na década passada.

– No fundo, o protagonista dos meus últimos livros é o mesmo – diz o escritor a ZH. – Até na obra infantojuvenil acho que se trata da mesma pessoa. Em seu passado adolescente, é claro. Ele pode se travestir de professor, de escritor ou de vagabundo, simplesmente. Habita em mim há muito tempo, mas só me dei conta de que deve ser o mesmo sujeito recentemente.

Em Acenos e Afagos, que Noll lançou em 2008 e que era seu último romance adulto antes de Solidão Continental, o personagem definia sua busca como uma “epopeia libidinal”. No novo livro, aquilo que ele vivencia o leva a traçar paralelos imaginários com situações irreais, ou surreais, e companhias do passado. Em alguns casos, parceiros com quem faz sexo eventual, homens mais jovens, um casal e uma garota, chega a vislumbrar um afeto que nunca antes experimentara.

– Sei das minhas obsessões, a exemplo da solidão e do desamparo das instituições como a família – comenta. – E sei que sou obsceno. Temo que o leitor se choque. Mas não recuo porque não busco o pornográfico, não quero dar alívio a quem me lê. Medio a obscenidade com uma busca estética, de linguagem. Meu leitor não vai encontrar segurança, e sim inquietação. E, além disso, trata-se daquilo que sei fazer. Não sei escrever crônicas convencionais da classe média.

Nem por isso sua literatura é menos política:

– Não faz muito que falar da solidão era considerado alienação. Hoje este é um dos temas mais pungentes a serem abordados no mundo contemporâneo.

daniel.feix@zerohora.com.br

Gostosa segunda-feira pra vc e uma excelente semana