segunda-feira, 24 de setembro de 2012



24 de setembro de 2012 | N° 17202
LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL

A Ospa no Solis

Dentre as tantas ações culturais que os gaúchos desenvolvem no Uruguai, nas áreas da música pop, artes plásticas, cinema, dança, incluiu-se, agora, a apresentação da Ospa no Teatro Solis, de Montevidéu. Casa emblemática da América do Sul, o Solis já recebeu personalidades como Sarah Bernhard e outros nomes sagrados das artes performáticas e da música.

O concerto da Ospa, dirigido pelo maestro José Maria Florêncio – cearense, diretor da Capella Bydgostiensis, da Polônia e, lá, cônsul honorário do Brasil – apresentou um programa de autores brasileiros, começando pela Alvorada, da ópera Lo Schiavo, de Carlos Gomes. O pianíssimo inicial da orquestra já magnetizou o público, que chegou ao tutti orquestral convencido de que estava perante uma grande orquestra.

A segunda peça, Fantasia Popular para Violão, de autoria de Paulo Aragão e Yamandu Costa, teve este último como solista. Yamandu estava numa de suas grandes noites, esbanjando virtuosismo e sensibilidade. Foi aplaudido de pé.

Depois do intervalo, foi a vez de compositores muito conhecidos do nosso público, mas nem tanto do público do Solis. A Bachiana Brasileira nº 4, de Heitor Villa-Lobos, mostrou a orquestra num nível de altíssima interpretação.

Florêncio entendeu perfeitamente as sutilezas dessa peça canônica, ao mesmo tempo tão simples e tão complexa, em especial no primeiro movimento. Guerra Peixe, para encerrar o concerto, ganhou uma roupagem exata e forte, com o ritmo bem marcado das músicas pernambucanas. A plateia, impaciente e entusiasmada, não se conteve, aplaudindo mesmo nos intervalos entre os quatro movimentos. E exigiu um bis que, no caso, foi uma seleção de sambas clássicos de nosso país.

Algo que o maestro e os músicos observaram com ênfase foi a magnífica acústica do Solis. Alguns dos professores diziam que não precisaram “forçar” seus instrumentos; outros afirmavam, de maneira absoluta, que nunca seus instrumentos haviam soado tão bem.

Eis aí algo a ser levado em conta (e o será!), no momento em que seguem, a todo vapor, as obras do erguimento da Sala Sinfônica da Ospa. Ela deverá ser perfeita, em termos acústicos. Isso pede a comunidade musical gaúcha, e é preocupação do governo do Estado.

E quando os músicos uruguaios vierem a Porto Alegre, espera-se que fiquem tão empolgados quanto os professores de nossa orquestra ficaram com a secular casa de espetáculos às margens do Rio da Prata.

Com o apoio da comunidade, isso será possível.