sábado, 25 de julho de 2015



25 de julho de 2015 | N° 18237 
DAVID COIMBRA

Não confie em ninguém com mais de 30 anos


Aos 30 anos de idade, o homem é definitivamente homem. Verdade que, hoje em dia, as pessoas amadurecem mais tarde, ou não amadurecem nunca, mas aos 30 anos um atleta já é veterano e uma mulher continua sendo balzaquiana, como era no século 19.

A propósito, esse breve romance, A mulher de 30 anos, não é dos melhores de Balzac, mas se consagrou devido ao título e ao tema. Porque os 30 anos são emblemáticos para a mulher – ela começa a se aproximar de um importante limite fisiológico: o limite da maternidade. Balzac, ao exaltar a atormentada mulher dessa faixa etária, deu um grande golpe de marketing, porque, depois da barreira dos 30, a mulher quer saber tudo sobre ela mesma.

Não confie em ninguém com mais de 30 anos, dizia uma antiga música do Marcos Valle, no tempo em que os jovens e seus hormônios rebeldes iam mudar o mundo. Ou seja: abaixo dos 30, a juventude; acima, a decrepitude.

Um brasileiro de 30 anos, imagine, votou pela primeira vez para presidente em 2002. Isto é: mesmo sendo ele já um homem feito ou uma mulher madura, seu tempo de consciência política foi todo preenchido por governos do PT.

Que importância tem, para esse cidadão, o antigo governo do PSDB? Para ele e tantos outros, FHC é pouco mais do que uma sigla vaga, como JK.

Eis o fato: o PT é o presente dos brasileiros, e é o passado também. Algo que se passou quase década e meia atrás, quando não existia Facebook, quando Bin Laden ainda era ameaça, quando o Grêmio era campeão, algo que se passou nesse tempo remoto é algo muito impreciso, muito pouco palpável, algo sem relevância.

Só quem se importa com os governos pretéritos dos tucanos são os petistas. Porque precisam deles. Para os petistas, é fundamental mostrar que todos os governos brasileiros foram ruins, que todos foram corruptos e que todos serão. Que não fará diferença tirar o PT do poder para substituí-lo por outros que são iguais ou até piores, como o vilão do momento, Eduardo Cunha.

E o PSDB não faz nada que demonstre o contrário. O PSDB é tão inexpressivo, que, pela última pesquisa, seu principal líder, Aécio Neves, não alcançaria 50% dos votos. Quer dizer: mesmo com o PT derretido, Aécio precisaria de dois turnos para ganhar a eleição.

A porteira está aberta para quem quiser passar, como canta aquela musiquinha infantil. Quem passará?