sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


Jaime Cimenti

O debate pós-crescimento

Decrescimento - Vocabulário para um novo mundo (Tomo Editorial, 312 páginas, tradução de Roberto Cataldo Costa), organizado pelos pesquisadores Giacomo D'Alisa, Federico Demaria e Giorgos Kallis, da Universidade Autônoma de Barcelona e membros da Research & Degrowth, tem prefácio dos organizadores e apresentações de Felipe Milanez e Chico Whitaker e, em síntese, é um livro de referência essencial para o debate pós-crescimento.

O decrescimento é mais uma teoria da transformação social do que uma teoria do desenvolvimento. Nesta obra a coleção de ensaios cuidadosa e acessível, de uma gama de autores internacionais como Onofrio Romano, Marco Deriu, Sergio Ulgiati, Arturo Escobar, Susan Paulson, Mauro Bonaiuti e Sylvia Lorek, de leitura obrigatória, oferece muitas perspectivas diferentes que estimularão uma nova reflexão sobre que tipo de sociedade queremos e poderíamos ter.

A partir da ideia que vivemos em um momento de estagnação, empobrecimento rápido, aumento de desigualdades e desastres socioecológicos, no discurso dominante isso tudo seria decorrente da falta de crescimento ou do subdesenvolvimento. Este livro argumenta que o crescimento seria a causa dos problemas e que ele se tornou antieconômico, ecologicamente insustentável e intrinsecamente injusto.

Um movimento que começou na França e se espalhou pelo resto do mundo pretende que o debate público sobre a descolonização do idioma do economicismo e o crescimento econômico fosse abolido como objetivo social. "Décroissance", decrescimento, passou a significar, para eles, o rumo desejado de sociedades que vão utilizar menos recursos naturais e vão se organizar para viver de forma radicalmente diferente.

Simplicidade, convivencialidade, autonomia, cuidado e recursos comunitários são algumas das palavras que fazem parte do vocabulário do decrescimento. Esta obra apresenta e explica diferentes linhas de pensamento, ação, alianças, falando de autonomia, capitalismo, hortas urbanas, consumo de energia, ecocomunidades, despolitização, bioeconomia, ecologia política, cooperativas e dezenas de outros tópicos que inspiram todos que pretendem a construção de um mundo melhor.

Enfim, o livro tenta romper com o mito de que o crescimento econômico desenfreado é a panaceia para todos os males e propõe alternativas imaginadas coletivamente, implementadas de modo democrático e solidário, com vistas à busca de uma nova sociedade.

O tema é polêmico, claro, mas sem dúvida essa obra, no mínimo, contribui (e muito) para um debate indispensável sobre que tipo de crescimento ou decrescimento necessitamos, para um planeta melhor para todos.

lançamentos

O brincar e o jogar - Compreendendo significados (Artes e Ofícios, 272 páginas), organizado por Inúbia Duarte, com textos de Anete Ingride Kopp, Anne Pflüger, Eliane Goldstein e outras psicólogas e psicanalistas, traz experiências e estudos sobre o brincar e o jogar, temas fundamentais para o ser humano.

Educação e Sociologia (Edipro, 96 páginas), de Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo francês de renome mundial, aponta o ensino como responsável pelo bom funcionamento de uma sociedade. A obra nega o caráter individual da educação e a coloca como construtora de um ser social, expressão de crenças, práticas e opiniões da comunidade.

Oswald - Ponta de lança e outros ensaios (Editora Bestiário, 148 páginas), do professor-doutor em História Éder Silveira, autor de A cura da raça e Tupi or not Tupi, Nação e nacionalidade em José de Alencar e Oswald de Andrade, traz densos ensaios sobre Monteiro Lobato, Modernismo, Di Cavalcanti e Mario de Andrade.