terça-feira, 15 de janeiro de 2019


15 DE JANEIRO DE 2019
+ ECONOMIA

BOLSA QUEBRA RECORDE APÓS RECORDE

Só com a informação de que havia nova reunião para tratar da reforma da Previdência, a bolsa de valores teve mais um recorde ontem. Com alta moderada, de 0,87%, chegou a 94.474 pontos pela primeira vez. Foi a sétima marca histórica em nove dias úteis de 2019, quase todas atingidas sem altas bruscas. A mais pronunciada ocorreu no dia 3, de quase 4%, por conta do entusiasmo com a confirmação da capitalização da Eletrobras na véspera. As demais altas que provocaram quebras de recorde foram discretas e sem ajuda de investidores estrangeiros, que representam quase metade da movimentação da bolsa.

Duas estatais estratégicas, dois almirantes. Além de Bento Albuquerque no Ministério de Minas e Energia, o Planalto escolheu Eduardo Leal Ferreira, também com patente máxima da Marinha, para presidir o conselho de administração da Petrobras. A escolha e a retirada de todos os conselheiros anteriores fez as ações da estatal murcharem 0,76% ontem.

Entre 2 e 9 de janeiro, saíram dos negócios na bolsa brasileira cerca de US$ 1 bilhão em recursos de investidores e especuladores do Exterior, conforme dados da B3, nome da instituição no Brasil. O movimento está relacionado com a situação do mercado internacional de capitais, que teve um início de ano mais preocupante do que promissor.

Diante do impasse entre o presidente Donald Trump e o Congresso americano e a preocupação com o crescimento na China, o dólar ganhou força e o dinheiro grosso fugiu de mercados emergentes como o Brasil, que representam risco maior em qualquer cenário. Diante do dado da B3 e dos movimentos globais, é fácil constatar que a animação no mercado financeiro se deve às expectativas com o governo Bolsonaro. Ao comentar sua viagem a Davos, na Suíça, marcada para o próximo domingo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai ao Fórum Econômico Mundial para mostrar "o desejo de fazer comércio com o mundo todo". É isso que os ricos e famosos do refúgio alpino querem ouvir, sem coro desafinado de teses conspiratórias ao fundo.

ELEFANTE NA SALA

Enquanto os brasileiros esperam sinais de uma nova tentativa de reforma tributária, animados pela crítica do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao tamanho da carga tributária nacional, saiu o ranking do peso dos impostos nos países ricos. O levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), espécie de clube de nações desenvolvidas do qual o Brasil não faz parte, listou as maiores proporções em relação ao PIB entre os sócios. Exatamente por não ser integrante, o Brasil não entrou.

Mas o dado divulgado pela Receita Federal para 2017, de 30,6% - considerado subdimensionado por outros indicadores - colocaria a carga tributária nacional em 12ª posição, descontada a inclusão da média da OCDE (34,9%) no gráfico acima. Para comparar, a dos Estados Unidos seria, pela metodologia da OCDE, de 27,1%, enquanto dois raros países latino-americanos do clube, Chile (20,2%) e México (16,2%), estão bem distantes na comparação. Em seu discurso na transmissão de cargo, Guedes afirmou que o peso dos impostos na economia brasileira é insustentável e sugeriu que, na sua visão, o limite para a relação entre o volume da cobrança de tributos e o PIB seria ao redor de 20%.

Como a expectativa da equipe econômica é aprovar a reforma da Previdência ainda no primeiro semestre, o secretário da Receita, Marcos Cintra, já prepara a proposta. 

MARTA SFREDO

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