sábado, 19 de janeiro de 2019



19 DE JANEIRO DE 2019
MÁRIO CORSO

Por que os ETs não nos visitam?

A chance de vida extraterrestre é numericamente enorme, mas então: onde estão? Por que não nos visitam? Chama-se Paradoxo de Fermi - em homenagem ao famoso físico italiano - a aparente contradição entre o extraordinário número de planetas habitáveis da vastidão do universo, portanto altíssimas chances de existirem lugares com vida inteligente, e a falta de evidências de tal possibilidade.

Um amigo, que sabe tudo sobre ETs, deu a melhor explicação sobre por que eles não dão as caras por aqui. É simples, ele diz: "Você visitaria aqueles parentes atrapalhados que vivem te achacando, que têm mãe no hospital, filho na cadeia e tudo é precário na vida deles? Claro que não. Eles vão pedir dinheiro emprestado mais uma vez...".

Em resumo, a tese do meu amigo é de que eles não querem treta com gentinha. Não teríamos nada a oferecer e iríamos pedir muito. Temos que encarar que, entre os povos das galáxias, talvez tenhamos péssima reputação.

Ele acrescenta: imagine quando surgir o "leve-nos ao seu líder", que é a primeira coisa que os ETs fazem quando chegam a um planeta. Eles teriam que, depois de dirigirem por zilhões de léguas cósmicas evitando asteroides, desviando de buracos negros, sem parada em lanchonete, sem nenhum restaurante decente no caminho, ter que aguentar o Trump, o Xi Jinping ou o Putin. Sinceramente, nenhum ET merece, nem mesmo um Vogon...

Eu discordo do meu amigo. Acho que poderíamos explorar nosso potencial para turismo cômico. Os ETs poderiam pagar para vir nos conhecer melhor e dar boas risadas.

Como? Simples, ministrando-lhes aulas. Para os humanos, não existe nenhuma ideia, mesmo que escandalosamente idiota, que não possa angariar seguidores. Escolhemos algumas delas e chamamos seus defensores para ensiná-las aos ETs.

Acho que a melhor introdução seria o Terraplanismo. Risos espasmódicos na certa. Ou, nas variações recentes, aqueles que dizem não haver provas de que a Terra gira ao redor do Sol. No campo da saúde, traríamos gente para explicar-lhes que cigarro faz bem e vacina faz mal.

Acho que uma das boas histórias seria explicarmos o nosso Deus. Ele é todo- poderoso, onisciente, onipotente, mas por estranhas razões - embora assexuado - teria a mesma obsessão por sexo que nós, suas criaturas. O Criador de tudo, segundo alguns, ficaria imensamente ofendido se não fizéssemos sexo de acordo com suas regras.

E já que estamos no campo do divino: imagine explicar para os ETs que esse mesmo Deus teria nos feito a sua imagem e semelhança. Mas, sei lá, vai que acordou preguiçoso naquele fatídico dia, tanto que usou o mesmo material genético de um projeto anterior. Por isso temos um DNA quase idêntico ao dos grandes primatas, mas não seríamos parentes. Dá para entender?

Então, caríssimo leitor, consegues imaginar uma inteligência superior nos levando a sério?

MÁRIO CORSO

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