sexta-feira, 11 de janeiro de 2019



Churrasco gaúcho 

A origem do churrasco remonta a tempos imemoriais, quando nossos ancestrais aprenderam a fazer fogo e assar as carnes dos animais selvagens que caçavam. As reuniões em família ou grupos para compartilhar os alimentos preparados nas chamas ou na brasa tornaram-se tradição milenar da humanidade.

Em nosso Rio Grande do Sul, o churrasco é protagonista nas mesas das reuniões familiares, dos amigos ou mesmo em eventos de entidades e empresas. Mosaico riquíssimo de etnias e culturas, o Rio Grande viu serem agregados ao churrasco elementos gastronômicos das imigrações alemã, italiana, africana e muitas outras, inclusive japonesa e chinesa. Salada de batata com maionese, salsichão, galeto, polenta, saladas verdes e outras contribuições tornaram o churrasco um prato representativo e democrático.

Os gaúchos e o churrasco - Uma jornada ao redor do fogo (Quatro Projetos, 2018, 170 páginas), grande obra com textos, edição e coordenação editorial do jornalista e escritor Ricardo Bueno, é obra a ser saudada e que celebra nosso bem gastronômico-cultural maior. Clarice Chwartzmann foi a curadora do projeto. As belíssimas fotos e o primoroso tratamento de imagens são de Carin Mandelli. Os cuidadosos projeto gráfico e a direção de arte são de Luciane Trindade. Ana Lídia Enninger é a produtora cultural do projeto, apoiado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e que contou com patrocínios do Banrisul, governo do Rio Grande do Sul, Tramontina, Polar, Frigorífico Silva e Supra.

Em requintada edição formato 23 cm x 29 cm, com grandes fotos em cores e textos com excelentes conteúdos e diagramação, o livro fala da história em comum entre churrasco e gaúchos, do modo serrano de churrasquear de Lagoa Vermelha, do tempo e do vento nos assados de Cambará. A obra igualmente trata do sotaque castelhano e da chama universal, do sabor da miscigenação na doce Pelotas e na história girando nos roletes que aquecem o assado de sabor italiano. Nos capítulos finais, o autor focaliza a carne para os novos tempos e a cadeia produtiva gaúcha na busca por excelência e os muitos jeitos de assar, sempre com a eterna cultura da chama.

Agradecimentos e referências bibliográficas estão nas páginas finais do volume que certamente será referência obrigatória para leitores em geral, professores, pesquisadores e demais interessados no churrasco. O churrasco, é bom lembrar, foi declarado prato típico do Rio Grande mediante a criação da Lei nº 11.929, de 20/6/2003, e o mesmo diploma legal estabeleceu o chimarrão como bebida-símbolo do Estado.

Dia 24 de abril, data da fundação do pioneiro 35 CTG em 1948, foi declarado como o Dia do Churrasco e do Chimarrão. A lei menciona que "entende-se por churrasco à gaúcha a carne temperada com sal grosso, levada a assar ao calor produzido por brasas de madeira carbonizada ou in natura, em espetos ou disposta em grelha, e sob controle manual". 

a propósito... 

Temos, na prática, muitas formas de assar um bom e autêntico churrasco. Não há certo ou errado, o "churras" é democrático. Cresce a preferência por grelhas em lugar de espetos, provável resultado da influência das parrillas dos queridos hermanos argentinos e uruguaios. Dizem que os furos dos espetos nas carnes causam perda de líquidos essenciais para o preparo do assado.

Aumentou o número de mulheres pilotando churrasqueiras. Clarice Chwartzmann, em 2014, lançou o projeto A Churrasqueira, com cursos para mulheres. Boa carne, bom fogo, boas bebidas e guarnições, ótimas companhias e causos, o churrasco segue coisa nossa barbaridade, mais bonito que laranja de amostra e mais gostoso que beijo de prima.  -

Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/12/662500-potencias-emergentes-e-nova-ordem-global.html)

Nenhum comentário:

Postar um comentário