sábado, 28 de dezembro de 2019



28 DE DEZEMBRO DE 2019
CLAUDIA TAJES

Retrospectiva introspectiva

Terminando o ano com muito menos livros na conta do que deveria ter lido, ainda assim deixo aqui a minha retrospectiva de releituras, descobertas e lançamentos - que também vale por sugestões para quem não tem nenhuma dúvida de que só abastecidos de boas histórias e de boas ideias a gente fica mais forte para enfrentar o que vier. Um superfeliz 2020 para todos nós.

O livro mais lindo que eu li, com certeza absoluta e com o devido respeito a todos os demais livros lindos do ano, foi o romance da polonesa e prêmio Nobel Olga Tokarczuk, Sobre os Ossos dos Mortos. O amor da personagem pelos animais, a forma toda particular como ela se refere às pessoas, a trama toda e sua solução. Que livro, senhoras e senhores. A autora de 57 anos, que eu nem conhecia, agora é um dos meus amores.

Brasil, Construtor de Ruínas, da Eliane Brum, que saiu pela Arquipélago Editorial, vai fundo nas nossas feridas. Não é uma leitura otimista, mas fica a sensação de que há, sim, alguns jeitos para sair do buraco. Alguém aí falou em pensamento e educação? Antes Não Era Tarde: impossível não curtir as crônicas de Pedro Gonzaga.

De Toni Morrison, que morreu em agosto deste ano e já está fazendo falta para entender melhor os dilemas desse nosso mundo tão cheio de preconceitos, A Origem dos Outros.

A Queda do Céu - Palavras de um Xamã Yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. Já passou da hora da gente conhecer o que os povos indígenas têm a nos dizer.

Enterre Seus Mortos, da bicampeã do prêmio São Paulo, Ana Paula Maia. Os dois livros da Manuela d?Ávila, Revolução Laura e Por que Lutamos?

Dentro do Nevoeiro, de Guilherme Wisnik, um livro de não ficção que relaciona arquitetura, arte e tecnologia em vários ensaios sobre a transformação das cidades e a história - com o que ela tem de melhor e pior.

Da minha quase xará Claudia Lage, a novela O Corpo Interminável.

Essa Gente, do prêmio Camões Chico Buarque. Um escritor perturbado e decadente em um Rio de Janeiro não menos. Só podia dar certo.

Textos Contraculturais, Crônicas Anacrônicas & Outras Viagens, de Eduardo Bueno, o estilo Peninha que nunca cansa o leitor.

O Que Acontece no Escuro, de Davi Koteck, contos sobre pequenas simplicidades das mais profundas. Luanda, Lisboa, Paraíso, da vencedora do prêmio Oceanos Djaimilia Pereira de Almeida.

Em 2020 e sempre, leia mulheres. Assim, de cabeça: Clarice Lispector, Simone de Beauvoir, Virginia Woolf, Djamila Ribeiro, Cíntia Moscovich, Martha Medeiros, Paula Taitelbaum, Ana Mariano, Clara Corleone, Lya Luft, Leticia Wierzchowski, Valesca de Assis, Jane Tutikian, Maria Carpi, Tatiana Salem Levy, Patrícia Melo, Adriana Lisboa e mais uma lista sem fim que merece lugar na sua estante. E compre das pequenas e charmosas livrarias: PocketStore, Baleia, Taverna, Bamboletras, Erico Verissimo e todas as valentes que não se entregam nunca. Não parecem a gente?

CLAUDIA TAJES

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