segunda-feira, 16 de agosto de 2021



16 DE AGOSTO DE 2021
DAVID COIMBRA

Grêmio de erros históricos depende do imponderável

Já ouvi este pedaço de frase, antes de um prognóstico: "Se tudo der certo...". Não é algo bom de se ouvir. Significa que, para você alcançar determinado objetivo, é preciso haver uma conjunção de ocorrências, uma combinação muitas vezes improvável de fatos a seu favor. Ou seja: você dificilmente conseguirá o que quer. Não depende apenas de você, mas da sorte, de Deus, do destino, do fortuito, sabe-se lá.

O time do Grêmio se encontra exatamente nessa posição. É preciso que tudo dê certo para que não caia para a série B. E não é por acaso que o Grêmio chegou a tal ponto. Eu mesmo, que sou um mero observador distante, faz três anos que digo e escrevo: o futebol do Grêmio não é bem administrado. Faz mais de um ano que repito: o time do Grêmio é ruim.

Disse isso não por saber mais do que qualquer analista precário do futebol. Disse tão somente por ter reparado nos sintomas de decadência do time: fracassos bizarros nas partidas decisivas, contratações equivocadas, manutenção no grupo de jogadores insuficientes. Ao mesmo tempo, os pilares do time, como Maicon e Geromel, envelhecem, como todos nós.

A direção do Grêmio deve ter visto esses sinais, eles eram muito evidentes, mas não tomou providências porque o futebol estava, na prática, controlado por Renato, e as vitórias nos Gre-Nais serviam como analgésico, disfarçando o Mal que se formava aos poucos nas entranhas do clube.

O resultado dessa leniência foi a deterioração de um grupo que poderia ter feito história no futebol do Brasil. O Grêmio ainda teve a sorte de que de suas divisões de base emergiram dois goleiros e um lateral-direito de alto nível. Mas é só, porque o resto é... o resto.

Há muitas deficiências no time, mas o centro delas é, justamente, o centro. O meio-campo do Grêmio é tragicamente incompetente. Ali, por onde um dia desfilaram Maicon, Arthur, Wallace, Luan, Douglas, ali não há um só que seja do tamanho das dificuldades do time. E Jean Pyerre, que, com sua técnica elevada um dia foi a esperança de renovação, é um símbolo dessa degradação. Talvez um dia, em outro ambiente, ele demonstre o futebol que tem, mas agora não passa de um perplexo, de um jovem atordoado, que não sabe o que fazer. Com Jean Pyerre em campo, o Grêmio joga com um a menos.

Com Alisson, dois. Alisson, como atacante, faz poucos gols e quase não dribla; como marcador, tem muita vontade e pouca eficiência. Esses são dois de tantos problemas que o Grêmio tem. Luiz Felipe, com sua experiência e sua competência, talvez consiga solucioná-los aos poucos. Fará tudo isso a tempo de voltar a ganhar e permanecer na primeira divisão? Pode ser que sim. Se tudo der certo.

DAVID COIMBRA

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