terça-feira, 24 de agosto de 2021


O DESAFIO ENERGÉTICO

Aumentar a capacidade energética do Brasil e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de combustíveis fósseis é um desafio urgente, mas que requer planejamento e visão de longo prazo. A exemplo do que acontece com outros temas da vida nacional, esse também só ganha a devida relevância em tempos de crise, como ocorre agora, com a seca e a redução das operações nas usinas hidrelétricas brasileiras. Felizmente, já há alternativas para o excesso de depen- dência desse setor. A notícia de que o Rio Grande do Sul poderá aumentar em até 13% a sua geração de energia a partir do vento é uma delas. Os investimentos cresceram nos últimos anos, o que representa uma segurança e um alívio no momento em que as mudanças climáticas desafiam o modelo de consumo e de vida dos habitantes de todo o planeta.

Gerar energia abundante e limpa já é possível. O crescimento do mercado de carros elétricos é um exemplo concreto. Ao mesmo tempo que devemos aprofundar ainda mais a diversificação da nossa matriz energética, é inadiável reduzir, até a níveis próximos a zero, o uso de combustíveis fósseis, altamente poluidores e produtores de carbono em quantidades maiores do que a natureza consegue capturar, gerando um desequilíbrio traduzido na elevação da temperatura da Terra e no aumento do número e da violência de desastres naturais.

No começo dos anos 2000, o Brasil vislumbrou a exploração do pré-sal como solução mágica para todos os problemas nacionais. Um erro, do ponto de vista da sustentabilidade e do bom senso. A miragem do petróleo abundante inibiu políticas públicas bem mais responsáveis, como, por exemplo, a de estímulo aos biocombustíveis.

Apesar da responsabilidade e do peso das decisões do setor governamental, a real mudança de consciência e a pressão sobre os setores econômicos vêm partindo da sociedade organizada e dos cidadãos, que exigem das empresas e dos prestadores de serviço, cada vez mais, discursos e práticas comprometidos com a preservação do meio ambiente. Felizmente, no futuro próximo, as organizações que não compreenderem essa mudança, sejam elas públicas ou privadas, estarão condenadas à extinção. Não basta produzir mais energia. É preciso produzi-la e utilizá-la da maneira correta, o que inclui uma nova cultura, coletiva e individual, de gestão responsável dos recursos que provocam impacto na vida sobre a Terra.

  

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