Reinaldo
Azevedo
12/12/2014
às 16:13
Vá embora, Graça! Deixe em paz o
patrimônio do povo brasileiro!
Há
mais de quatro meses venho cobrando aqui, sistematicamente, a demissão de Graça
Foster, presidente da Petrobras. Ainda que nenhuma suspeita houvesse contra
ela; ainda que tivesse um passado impoluto como as flores; ainda que fosse um
verdadeiro gênio da raça na área administrativa, esta senhora deveria ter caído
no começo de agosto, quando ficou evidente que tivera acesso prévio a perguntas
que lhe seriam feitas na CPI.
Mais
do que isso: ficou comprovado que um grupo se reuniu no gabinete da presidência
da estatal para combinar a maneira de fraudar a legitimidade da Comissão
Parlamentar de Inquérito. Há um vídeo a respeito. É inquestionável. Trata-se de
um fato comprovado, não de uma suspeita.
De
agosto a esta data, Graça tem visto minguar a sua reputação; de agosto a esta
data, o passado de Graça tem sido reescrito por fatos nada abonadores; de
agosto a esta data, a técnica com fama de competente e irascível tem-se
mostrado apenas mais um quadro do PT na Petrobras, lá instalado não com a
missão de moralizar a empresa, mas de salvar a pátria dos companheiros.
Nesta
sexta, ficamos sabendo que uma executiva da Petrobras — seu nome: Venina Velosa
da Fonseca — denunciou tanto à diretoria anterior da estatal como à atual a
existência de um esquema de roubalheira na empresa (leia posts anteriores). E o
que fez a diretoria anterior? Nada! E o que fez a atual? Nada também! De quebra,
as acusações de Venina atingem, e com bastante verossimilhança, o governador da
Bahia, Jaques Wagner, candidato a ser um dos homens fortes do governo Dilma.
A
presidente da República não pode assistir, inerme, à desconstituição da
Petrobras sem tomar uma medida drástica. É preciso, e com urgência, criar uma
espécie de gabinete de crise — composto, também, de técnicos sem vinculações
com a estatal — para enfrentar a turbulência.
Se o
episódio da CPI não fosse grave o bastante para inviabilizar a permanência de
Graça, há o caso, escandaloso por si, da empresa holandesa SMB Offshore. Em
fevereiro, VEJA denunciou que a gigante havia pagado propina a intermediários
na Petrobras em operações de aluguel de navios.
Em
março, a presidente da estatal concedeu entrevista negando quaisquer
irregularidades; no mês passado, ela as admitiu, afirmando que tinha
conhecimento das falcatruas desde meados do ano. Graça só se esqueceu de que a
Petrobras é uma empresa de economia mista e de que seus acionistas merecem
satisfação. Esse seu comportamento servirá de prova contra a empresa em ações
múltiplas nos EUA contra a estatal, que pode assumir proporções bilionárias.
Não!
Graça não é a moralizadora de que a Petrobras precisa. Graça é apenas a
moralizadora de que o PT precisa. E, a esta altura, está muito claro que os
interesses do PT e da Petrobras não se misturam. Ao contrário: a cada dia fica
mais claro que o que é bom para a Petrobras é ruim para o PT e que o que é ruim
para o PT é bom para a Petrobras.
Vá
embora, Graça! Deixe em paz o patrimônio do povo brasileiro.