sábado, 26 de outubro de 2013


27 de outubro de 2013 | N° 17596
PAULO SANT’ANA

As minhas bebidas

Lembro-me de quando eu tinha sete anos de idade, meu pai me levou até o Centro e entramos em um bar da esquina da Borges de Medeiros com Fernando Machado.

Foi quando bebi a primeira Coca-Cola da minha vida. De lá até aqui, já bebi mais de 6 mil Coca-Colas. Ainda hoje bebo cerca de seis Cocas Zero por dia.

Durante muito tempo da minha vida, consumi Guaraná e Gasosa da Brahma.

Andei também pelo Crush, mas não o Crush falsificado de até há pouco. Eu sou do tempo em que havia o Crush recém lançado que continha polpa de laranja dentro do suco, fantástico refrigerante, o melhor que já tomei em toda a minha vida.

Quando eu ainda era guri, tomei muito Grapette, que era feito de essência artificialíssima e falsa da uva. Foi nesse tempo que tomei também muito Marabá, inidôneo suco de laranja, pura tintura.

Até que um dia veio parar em minhas mãos um refrigerante da cidade de Santa Maria, a Cyrillinha, que até hoje deve existir e era deliciosa.

Além dos refrigerantes, foram e são do meu hábito os sucos de frutas, ora engarrafados, ora encaixotados no papelão como tomo hoje os meus sucos de abacaxi e de pêssego.

Na Rua da Praia antigamente, havia numa loja a venda de Hidrolitol, uma espécie de água mineral gasosa, que tinha muita saída.

Mas, entre essas incursões por dezenas de marcas, eu sempre voltava e continuo voltando à Coca-Cola. A Pepsi-Cola causou sensação no RS porque surgiu no Brasil aqui entre nós. Hoje, vejo seus fabricantes tentando ressuscitá-la sob o argumento de que é natural do nosso Estado e depois se espalhou pelo país. Mas a verdade é que a Pepsi nunca conseguiu bater a Coca-Cola, embora em seu início tivesse dado um combate acérrimo à líder.

Eu não entendo, a Coca-Cola tem um sabor exótico que eu acho que vicia. Ela transmite a impressão de que o xarope que a origina é feito de açúcar queimado, nem sei como extirpam na Coca Zero esse açúcar.

E também durante muito tempo em minha vida consumi, o que às vezes ainda faço, essa também exótica hermafrodita entre a cerveja e o refrigerante que se chama Malzbier.

Houve um tempo em que eu ganhava de salário como entregador de roupas em lavanderias cinco cruzeiros, a moeda da época, por dia. E uma Malzbier custava exatamente cinco cruzeiros.


Pois, aos domingos, eu me entregava ao luxo e à gastança de beber assim um dia inteiro de trabalho.