sábado, 30 de novembro de 2013


01 de dezembro de 2013 | N° 17631
PAULO SANT’ANA

Sobre os amigos

Fui convidado a participar da quarta edição anual do Café ZH, um interessante encontro entre colunistas e demais jornalistas de Zero Hora, contando com a presença de autoridades e convidados.

Coube ler aquela coluna que considero a mais apreciada pelos leitores de nosso jornal em 43 anos de minha atividade como colunista aqui.

Foi então que me designaram para ler a coluna Dia do Amigo, em que fiz uma exortação aos meus amigos “que nem sabem que são meus amigos que mais prezo e sobre os quais construí meu equilíbrio vital e que fazem parte do mundo que eu tremulamente ergui em minha vida, tornando-se alicerces do meu encanto pela vida”.

Depois que li aquela coluna naquele ato, aproximou-se de mim o Nílson Souza e me disse: “Estava muito boa a tua leitura rememorativa e no ato havia muitos amigos teus presentes”.

E eu completei: “E inimigos também, Nílson”.

Na solenidade que citei acima, o apresentador era o Iotti. E ele contou um episódio que eu havia esquecido. Ei-lo: anos atrás, entrei na sala do então vice-presidente-executivo Pedro Parente. Ato contínuo, comecei a fumar, quando Pedro Parente me disse que eu não podia fumar em sua sala.

Eu respondi: “Mas eu fumo até na sala do Nelson Sirotsky”.

E Pedro Parente redarguiu: “Mas esta não é a sala do Nelson Sirotsky, é a minha sala”.

Ao que eu contrapus: “Tu és novo na empresa, quero que saibas que todas as centenas, quiçá milhares de salas da RBS, são do Nelson Sirotsky”.

Hoje, não fumo mais na sala de ninguém, respeito os avisos de proibição.

Só fumo agora no fumódromo. Mas eu acho sem graça fumar no fumódromo, assim como acho sem graça fazer sexo no quarto. Sexo para mim, para ter graça, tem de ser feito em todos os lugares, nas calçadas públicas, nos corredores, nas escadas, nos elevadores.

Quanto a sexo, cheguei já à perfeição epicurista de não fazê-lo mais, em qualquer lugar. A impotência me tirou a ubiquidade.

Adoro as palavras compostas: porta-joias, porta-bandeira, tira-gosto etc.

Mas as palavras compostas que mais gosto são as que não têm hífen: corrimão e paraquedas, por exemplo. Porque aglutinam um verbo e um substantivo e têm o significado dúplice, corrimão quer dizer onde corre a mão, paraquedas quer dizer o que para as quedas etc.


E gostei muito quando tiraram o hífen de antessala.