terça-feira, 26 de novembro de 2013


26 de novembro de 2013 | N° 17626
DAVID COIMBRA

As dores do mundo

É fácil se compadecer das dores do mundo. Você entende a fome da África e a seca do Nordeste, você luta a favor dos direitos da mulher e contra o racismo, você tem uma consciência social, você critica os “poderosos” e bebe sua cerveja na Cidade Baixa, em vez de no Moinhos de Vento.

Você sofre com a grande injustiça. Você é um Che Guevara caboclo.

Isso é fácil.

Mesmo que você faça sacrifícios pelos oprimidos, é fácil. As dores do mundo gritam e, em geral, não interferem na sua dor.

O difícil é entender a dor de quem está ao seu lado. O seu marido, minha senhora. A sua mulher, meu amigo. O seu colega de trabalho, rapaz. É muito complicado compreender essa dor, porque ela tem influência sobre a sua própria dor. Pode fazer aumentar ou diminuir a sua dor.

Quando o colega reclama do salário que ganha, você pensa no seu salário, e compara os dois. Quando a mulher diz que não pode atender certo pleito do marido, o marido se irrita, porque considera o seu pleito justo, justíssimo.

Cada um tem as suas razões. As pessoas conhecem os motivos por que estão agindo de uma forma ou de outra, e esses motivos lhes dão justificativas. Todos têm suas justificativas, e as acham completamente plausíveis, do seu ponto de vista.

O problema dos casamentos é esse. São apenas duas pessoas, deveria ser muito simples, mas cada um guarda para si as suas razões, e as ceva até que se tornem sólidas e, finalmente, as transforma em obstáculos intransponíveis.

Imagine, então, num grupo de 30, 40 pessoas, como o de um clube de futebol. Aquelas dezenas de vontades, razões e expectativas teriam de lutar pelo mesmo objetivo: a vitória. Mas como, se cada um tem a sua forma de ver o que está acontecendo, se todos se acham injustiçados, se todos são vítimas?

O mundo é composto por 7 bilhões de injustiçados. Sete bilhões de pessoas que acham que merecem mais, que são incompreendidas e que têm suas boas razões para fazer o que fazem, mesmo que, aos outros, pareça injusto. O mundo é mesmo muito complicado, porque as relações são muito complicadas.

O Inter e o rebaixamento

O Inter, mesmo que perca para o Corinthians, na próxima rodada, ainda não entra na zona de rebaixamento. Pode ficar a um ponto, mas não entra.

Se o Inter fosse rebaixado, seria o único time que o foi entrando na zona morta na última partida. Seria inédito.

Além disso, o Inter teria que perder para Ponte Preta em casa. Perder, que um empate já livra o Inter.

Quer dizer: a possibilidade de o Inter ser rebaixado para a Série B no Brasileirão é quase nula.

Podem ficar tranquilos, colorados.


Quase totalmente tranquilos.