segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017


06 de fevereiro de 2017 | N° 18761
CAMPO ABERTO | Gisele Loeblein

VENDAS ACELERADAS A PARTIR DAS FEIRAS

Começa hoje, com a Show Rural Coopavel, no Paraná, a temporada de negócios para a indústria de máquinas e implementos agrícolas. Neste ano, o clima volta a ser de otimismo, depois de um 2016 em que as vendas do primeiro semestre foram contaminadas pela crise econômica, pela instabilidade política e pelas incertezas sobre a liberação de recursos. O setor sinalizou ao governo federal a necessidade de R$ 1,5 bilhão extra para a linha do Moderfrota. E a resposta vinda do Ministério da Agricultura é de que, se houver demanda, será possível colocar mais dinheiro no circuito. Se for o sugerido, elevaria para R$ 9 bilhões a quantia disponibilizada inicialmente, foram R$ 5 bilhões, depois mais R$ 2,5 bilhões.

Com isso, a expectativa para as feiras é grande. Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), estima que os negócios na Expodireto-Cotrijal, que ocorre em Não-Me-Toque de 6 a 10 de março, recuperem as perdas registradas no ano passado, crescendo de 12% a 13%. Isso inclui a comercialização de pivôs para irrigação.

– Nossa expectativa é muito favorável. O ciclo começa com a Show Rural e termina com a Expointer. Na Expodireto, a estimativa é voltar aos patamares de 2013, 2014, com crescimento entre 20% e 25% – projeta Siegfried Kwast, diretor-superintendente da Fockink.

Na área de máquinas, a New Holland trabalha com perspectiva de crescimento de 15% a 20% na comercialização em 2017. Alexandre Blasi, diretor mercado Brasil da marca, lembra que há uma conjunção de fatores positivos no momento: clima estável, dólar mais previsível, preços das commodities em bom patamar e dinheiro disponível para as aquisições. Isso tudo depois de uma virada positiva nos negócios no segundo semestre de 2016 – ante um primeiro semestre ruim, de vendas restritas, afetadas pelo clima político-econômico.

– Além disso, depois do boom de vendas de 2012, 2013, se passaram quatro anos. Já há produtores com necessidade de troca de equipamentos – acrescenta Blasi, que aponta a Show Rural como um termômetro para o setor.

Gerente de vendas da Massey Ferguson, Leonel Oliveira também estima uma sequência de bons negócios, iniciada no segundo semestre do ano passado. Para 2017, projeta de 8% a 10% de crescimento do mercado total de máquinas. E sobre a relevância das feiras, comenta:

– A gente faz uma leitura mais precisa do mercado nos eventos. A fábrica vai, fala com um grande número de clientes.

O consumidor pode preparar o brinde: 2017 deve ser um ano de estabilidade nos preços de derivados da uva, como vinhos e sucos. É que para recuperar o terreno perdido no ano passado, o setor não tem mais espaço para aumento no valor do produto e para impostos. Essa foi a tônica do discurso de Dirceu Scottá, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), na cerimônia de abertura da colheita da safra deste ano, realizada no sábado na propriedade da família Barbieri, em Monte Belo do Sul. O governador José Ivo Sartori participou do evento (leia mais na página 8).

– O mercado não suporta nenhum repasse de preço. A prova disso é que o crescimento de importados foi sobre os vinhos de menor valor – afirma Scottá.

Em 2016, houve recuo de 18% na venda de produtos vitivinícolas brasileiros. Reflexo de uma conjuntura que começou com a quebra de 57% no volume produzido, o que reduziu a oferta. Os problemas continuaram com alta de custos, impacto da mudança na cobrança do IPI – que em 2015 passou a ser de 10% –, aumento de ICMS e diminuição do poder aquisitivo dos compradores.

Para este ano, a expectativa é de crescimento nas vendas ou, no mínimo, recuperação do patamar de 2015. Nos parreirais, a retomada ocorreu. A safra poderá chegar perto de 700 milhões de quilos neste ano.

– Temos um cenário bem favorável para esta safra de uva – confirma Ernani Polo, secretário da Agricultura. EM CLIMA DE RECUPERAÇÃO

PREÇOS MAIORES NO ÍNDICE DA FAO

O índice de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) fechou em janeiro com o maior nível em quase dois anos: 173,8 pontos, alta de 16,4 pontos na comparação com igual mês de 2016. Os valores de cereais também cresceram, 3,4 pontos, chegando ao maior nível em seis meses, com aumento em trigo, milho e arroz.

Os mercados de trigo reagiram a condições climáticas desfavoráveis e a uma área plantada menor nos EUA, enquanto os preços mais altos de milho refletiram forte demanda e perspectiva incerta para a safra da América do Sul.

NO RADAR

DEVE SER concluída até o dia 15 a avaliação de seis unidades que a Companhia Estadual de Silos e Armazéns pretende vender. Quando a direção estiver com os valores, a estimativa é de que o edital saia em duas semanas. Estão na lista inicial Santa Rosa, Júlio de Castilhos, Cruz Alta, Nova Prata, Passo Fundo e Santa Bárbara.

EM OUTRO MOMENTO

Uma das primeiras emendas a serem apresentadas na comissão especial que analisará o projeto de emenda à Constituição (PEC) 287, sobre a reforma da Previdência, deverá ser para excluir o segurado especial do pacote.

A ideia é deixar a categoria do trabalhador rural de fora das mudanças, discutindo sua situação em um outro momento, explica o deputado federal Heitor Schuch (PSB-RS). O parlamentar diz que seu nome foi assegurado pela líder do partido como integrante da comissão.

Hoje, a reforma previdenciária é um dos assuntos do encontro de dirigentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), com a bancada federal. O tema também será discutido na Expodireto, em audiência da Comissão de Agricultura proposta pela senadora Ana Amélia (PP-RS), dia 10 de março.

O RIO GRANDE DO SUL PASSARÁ A FAZER PARTE DO COMITÊ GESTOR INTERMINISTERIAL DE SEGURO RURAL. CONFORME RESOLUÇÃO PUBLICADA NO ÚLTIMO DIA 31, UM REPRESENTANTE DA SECRETARIA DA AGRICULTURA DO ESTADO IRÁ INTEGRAR O GRUPO.