quinta-feira, 11 de janeiro de 2018



11 DE JANEIRO DE 2018
SEGURANÇA
Após ataques, bancos são fechados no RS


INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ENCERRARAM atividades em dois municípios. Terceira cidade está prestes a perder unidade

A violência está provocando o fechamento de agências bancárias no interior do Rio Grande do Sul. O reflexo já foi sentido em cidades dos vales do Rio Pardo e do Taquari, que tiveram unidades assaltadas com uso de explosivos e escudo humano e outra do Vale do Sinos, em 2017 (leia ao lado). Agências do Banco do Brasil de Progresso e Boqueirão do Leão, distantes 18 quilômetros uma da outra, não contam mais com atendimento especializado - feito pessoalmente - e os moradores precisam se deslocar a Lajeado ou Barros Cassal.

O assalto em Progresso, com 6 mil habitantes, ocorreu nas unidades do Banco do Brasil e do Banrisul. A agência da instituição gaúcha, conforme o prefeito Gilberto Gaspar Costantin (PDT), reabriu um mês após o ataque de criminosos, mas o BB não retomou as atividades, tendo anúncio do seu fechamento feito em novembro de 2017. Em 8 de julho do mesmo ano, um Sicredi foi atacado também com explosivos, reabrindo 30 dias após o assalto, de acordo com Constantin:

- Desde o sinistro no Banco do Brasil, temos procurado deputados em Brasília, além do governo federal e a direção do banco. Eles dizem que 485 agências foram fechadas, mas este é o Banco do Brasil, deveria ser público, deveria se preocupar com o social. Fizemos até manifestação, mas não adiantou.

A mesma prática criminosa foi empregada em Boqueirão do Leão, em 21 de abril passado. O prefeito Paulo Joel Ferreira (PMDB) informou que, desde então, o Banco do Brasil não abriu mais e teve o anúncio oficial de fechamento em novembro, assim como em Progresso.

- Fomos a Brasília, tivemos audiência com a Secretaria da Fazenda e com a direção do banco. Eles falam em reestruturação, mas também falam da insegurança nas cidades - detalha Ferreira.

Dona de um minimercado em Boqueirão do Leão, Fátima Maria Borsato não aceita cheques que devem ser trocados no BB. Isso porque são necessárias pelo menos três horas entre a ida a Barros Cassal, o atendimento e o retorno para casa.

- As pessoas têm reclamado bastante por aqui e, assim como eu, muita gente não está mais trocando cheques da agência que não temos mais. É um transtorno para todos - relata.

Segundo a moradora de 54 anos, nunca havia acontecido algo semelhante nos 15 anos em que tem comércio.

- Tem algumas coisas que dá para fazer na lotérica. Mesmo assim, algum funcionário deveria ter nos avisado. E ninguém falou com correntistas - diz.

O BB, por meio da assessoria de imprensa, explica que agências tiveram suas estruturas comprometidas em razão das ações criminosas, inclusive as que estavam em fase final de obras para recomposição em diferentes partes do país.

Em alguns casos, agências e postos são autorizados a manter apenas o atendimento do ambiente negocial (sem possibilidade de transações bancárias), após avaliação dos setores de segurança e engenharia. Nos casos de Boqueirão do Leão e Progresso, as agências passaram por análise técnica que considera aspectos relacionados à segurança de clientes, colaboradores, além patrimonial, de ordens estratégica e financeira. 

Após avaliação, o BB decidiu pelo fechamento das duas unidades. Até a recuperação da unidade de Butiá, danificada no último dia 6, a assessoria informou que os clientes poderão fazer transações bancárias pelo aplicativo, por meio de caixas 24 horas, lotéricas e em agências dos correios.

cris.lopes@zerohora.com.br - CRIS LOPES