segunda-feira, 22 de janeiro de 2018


22 DE JANEIRO DE 2018
L.F. VERISSIMO

Ânimo!


Li que, para a raça branca não desaparecer em poucas décadas, teria que manter uma taxa média de natalidade de 2,1 filhos. Fiz a minha parte. Tive três filhos, mais do que o requerido. Mas não sei se eles contam. É tamanho o coquetel de raças que deu nos três, desde uma bisavó tipicamente alemã até um avô com cara de índio, que fica difícil calcular sua branquidão.

Lembro que quando moramos na Itália, há alguns anos, um problema social muito discutido - incompreensível para um brasileiro - era o excesso de vagas nas escolas públicas. Os italianos simplesmente não estavam produzindo alunos suficientes para suprir a capacidade ociosa das escolas. Na França, o governo estimula, com prêmios e subsídios, a fertilidade. As campanhas "faça mais bebês" têm como alvo óbvio nativos brancos, no pressuposto de que imigrantes e outras raças não precisam de incentivo. Implícita nas campanhas está uma mensagem apocalíptica: casais brancos modernos que preferem ter carreiras modernas e vidas domésticas mais fáceis em vez de filhos estão condenando sua raça à extinção.

Nos Estados Unidos, os "survivalists" se preparam há anos para o momento em que os poucos americanos brancos que sobrarem se acastelarão contra os hispânicos e negros que dominarão o país, e já existe uma considerável literatura premonitória sobre essa resistência às hordas escuras. E até revistas especializadas em sobrevivência e guerrilha, para quando o momento inevitável chegar.

Nos anos 1950, na fase mais quente da Guerra Fria, discutia-se nos Estados Unidos se um chefe de família tinha o direito de impedir, a tiros se fosse preciso, que um vizinho invadisse o seu abrigo contra ataque nuclear, pondo em risco a vida dos seus filhos. O consenso nacional era de que o dono do abrigo tinha o direito de negar refúgio para o vizinho, que não fora previdente como ele. Hoje, o perigo não é de guerra nuclear - a não ser para quem leva a sério as ameaças do Kim Jong-un - mas a eliminação da raça branca.

Uma alternativa para as piores previsões para os brancos acuados é um futuro em que os que sobrarem serão mantidos em santuários protegidos, como os gorilas hoje. Um pouco como já se vê nos condomínios fechados no Brasil. Dentro dos santuários, os brancos poderão recriar seu hábitat natural e preservar seus hábitos com segurança, priorizando a procriação, talvez com a distribuição de estímulos sexuais aos sábados, para que não desapareçam por completo.

O fato é que os brancos estão perdendo a guerra demográfica. Não tenho nenhuma simpatia especial pela raça branca, mas torço para que haja uma reação, nem que seja só para manter o interesse da competição. Vamos lá! Ânimo, gente!

L.F. VERISSIMO