quinta-feira, 13 de abril de 2023


13 DE ABRIL DE 2023
CRESCIMENTO DE 58 NO RS

Após retração, comércio varejista inicia ano em alta

O varejo começou 2023 em alta no Rio Grande do Sul. O volume de vendas do comércio avançou 5,8% em janeiro, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. O crescimento observado no Estado ocorre em patamar acima da média nacional e é o segundo maior para os meses de janeiro na série histórica, ficando atrás apenas de 2017, quando chegou a 11,1%.

No país, as vendas no setor subiram 3,8% em janeiro, a maior variação para o mês desde o início da série histórica, em 2000. Essa é a primeira divulgação da nova versão da pesquisa, que passou por atualizações na seleção da amostra de empresas, ajustes nos pesos dos produtos e das atividades e alterações metodológicas.

Recomposição após períodos de queda e efeito da inflação são alguns dos principais fatores que explicam o movimento verificado no Estado, segundo especialistas. Para os próximos meses, a tendência é de dificuldade para o setor diante da desaceleração da atividade econômica.

Base

Economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank diz que o salto no volume de vendas do varejo gaúcho ocorre sob efeito de comparação com uma base deprimida. Ele observa que o setor apresentou sequência de retração em um passado recente, o que criou ambiente para salto mais expressivo:

- Entre setembro e dezembro de 2022, teve quatro baixas em todos esses meses. A gente vinha de uma base muito pequena e, mesmo com essa alta expressiva, não se devolve todas as perdas. Certamente essa base mais fraca ajudou a alavancar, catapultar o resultado de janeiro.

O gerente da PMC, Cristiano Santos, afirma que, além da base deprimida, inflação menor em janeiro ante meses anteriores e rendimento acima da média nacional são outros pontos que explicam avanço maior no volume de vendas do comércio no RS:

- Em alguns Estados, o rendimento das famílias cresceu um pouco mais rápido do que o do Brasil como um todo. Então, isso favorece, coloca um pouco mais de dinheiro no consumo.

No acumulado de 12 meses, o comércio tem alta de 7,4% no Estado. Já na comparação de janeiro ante igual mês do ano passado, a variação é de 8,5%. No recorte de janeiro de 2023 contra janeiro de 2022, os segmentos de combustíveis e lubrificantes, livros, jornais, revistas e papelaria e tecidos, vestuário e calçados estão no topo dos maiores avanços no Estado.

Combustíveis

Frank pondera que o tamanho do avanço do setor de combustíveis não conversa diretamente com outros dados de venda desse tipo de item no RS e nem com a dinâmica de consumo entre os dois períodos, que não sofreu grande alteração. Além disso, reforça que não se trata de um produto com demanda elástica, portanto, não sofre variações em proporções maiores. Santos diz que aspectos metodológicos, como correção pela inflação, são alguns dos fatores que podem ajudar a entender o avanço exponencial do setor de combustíveis no Estado:

- Não necessariamente esses 65,7% de janeiro de 2022 para janeiro de 2023 significa aumento efetivo na receita. Mas, sim, a diferença entre o aumento efetivo da receita e também a trajetória inflacionária, que foi um pouco distinta no RS em relação aos outros Estados. Então, tem o componente metodológico de fazer o cálculo através da deflação.

Frank estima um cenário onde o comércio terá dificuldades para gerar crescimento sustentado nos próximos meses. Alguns fatores, como desaceleração da atividade econômica e do mercado de trabalho formal, ajudam a compor esse ambiente menos favorável. Ele projeta situação um pouco melhor para o comércio de itens que dependem menos do crédito e mais da renda. E reforça que a nova estiagem na safra de grãos é outro fator que prejudica a economia do Estado.

ANDERSON AIRES

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