sábado, 15 de abril de 2023


15 DE ABRIL DE 2023
MISSÃO OFICIAL

Líderes cobram que Acordo de Paris seja cumprido

A declaração conjunta divulgada após a reunião de Lula e Xi Jinping também inclui apelo para que nações desenvolvidas cumpram os termos do Acordo de Paris, segundo o qual pelo menos US$ 100 bilhões deveriam ser anualmente destinados pelos paí­ses mais ricos ao financiamento de soluções para mitigar a crise climática.

"Exortamos os países desenvolvidos a honrarem suas obrigações não cumpridas de financiamento climático e a se comprometerem com sua nova meta quantificada coletiva que vai muito além do limite de US$ 100 bilhões por ano", afirma o comunicado.

O Acordo de Paris foi assinado em dezembro de 2015, durante a 21ª Conferência do Clima (COP21) das Nações Unidas. Depois do Protocolo de Kyoto, de 1977, é o acordo mundial mais importante sobre o tema.

No termo do comunicado divulgado, também consta o apoio da China para que o Brasil sedie a 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), prevista para 2025.

Abu Dhabi

Antes de retornar ao Brasil, Lula visitará, neste sábado, Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Assim como na China, a expectativa é pela assinatura de acordos bilaterais e captação investimentos. A agenda inclui encontro com o líder do país, Mohamed bin Zayed.

Acenos, acordos e promessas na China

"Ninguém vai proibir" o Brasil de aprimorar ligação com chineses, disse Lula

A reunião entre Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping , momento mais aguardado da missão oficial do presidente à China, foi marcada por manifestações de reaproximação entre os dois paí­ses.

Lula afirmou que "ninguém vai proibir que o Brasil aprimore suas relações" com a nação asiática e sugeriu que as trocas transcendam a questão comercial e avancem para campos como ciência e tecnologia, educação e cultura. O governo federal assinou 15 acordos. Representantes de governos estaduais e empresas privadas firmaram quase 30 compromissos, e estimativas apontam que cifras envolvidas chegariam a R$ 50 bilhões, segundo interlocutores do governo.

Após iniciar a agenda em Xangai na quinta-feira, Lula foi recebido por Xi no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês em Pequim, com direito a uma grandiosa cerimônia de boas-vindas.

Antes do encontro, Lula participou de ato na Praça da Paz Celestial, local de importância histórica para a China, e teve reuniões com o presidente da Assembleia Nacional, Zhao Leji, e com o CEO da empresa de energia elétrica State Grid, Zhang Zhigang.

Além dos 15 acordos federais, foram sete de governos estaduais e cerca de 20 entre empresas, considerando também os anunciados na viagem do final de março. Os acertos preveem, por exemplo, a construção de um satélite para monitoramento da Amazônia (leia mais na página 13).

Na conversa com o líder chinês, Lula afirmou que a visita a uma unidade da Huawei, na quinta- feira, foi demonstração de que o Brasil "quer dizer ao mundo que não tem preconceito" nas suas relações comerciais. A gigante de tecnologia foi acusada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump de fazer espionagem e o governo americano pressionou Brasília para não adotar a tecnologia 5G da empresa chinesa.

Xi afirmou que Brasil e China são os maiores expoentes em relação aos países em expansão no mundo. "China e Brasil são os maiores países em desenvolvimento e importantes mercados emergentes dos dois hemisférios. Temos interesses em comum", afirmou, segundo a Secretaria de Comunicação Social brasileira.

EUA

A missão na China foi encerrada com uma entrevista coletiva de ministros que integram a delegação brasileira, da qual Lula não participou. Na ocasião, o titular da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os dois governos estão programando um "salto de qualidade" nas relações.

Na véspera do encontro, Lula chegou a sugerir que Brasil e China adotem o yuan e o real nas transações financeiras, em substituição ao dólar. Questionado se a aproximação do Brasil com a China pode causar afastamento em relação aos Estados Unidos, Haddad negou.

- Não temos nenhuma intenção de nos afastar de quem quer que seja, sobretudo de um parceiro da qualidade dos Estados Unidos. Estamos fazendo um esforço de aproximação, queremos investimentos dos Estados Unidos no Brasil. Nós queremos restabelecer as melhores relações, e desejamos parcerias com esses três blocos comerciais: Estados Unidos, União Europeia e China - acrescentou.

Empréstimo

Além dos acordos, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, que integrou a comitiva, disse que a instituição assinou com o Banco de Desenvolvimento da China acordo para empréstimo de R$ 6,5 bilhões. Os recursos serão para financiar projetos em infraestrutura, energia limpa e inovação tecnológica no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário