sábado, 15 de abril de 2023


15 DE ABRIL DE 2023
DIÁRIOS DO PODER

Bagagem lotada Confira os acordos firmados entre Brasil e China

A missão oficial de Lula na China gerou 15 acordos federais, além de outros entre empresas brasileiras e chinesas e alguns envolvendo governos estaduais. Entre os acertos, está a criação de mecanismos para a facilitação do comércio entre os dois países, assim como para o desenvolvimento da pesquisa e da inovação. Há acordos envolvendo coprodução para televisão e cooperação entre agências de notícias públicas dos dois países. Há ainda acordos para certificações sanitárias e para a entrada de produtos animais.

Um protocolo determina sobre o desenvolvimento do Cbers-6 entre o governo brasileiro e o chinês. O satélite será usado para monitorar o desmatamento na Amazônia e em outros biomas. Outro trata do entendimento sobre requisitos sanitários e de quarentena para carne a ser exportada do Brasil para a China.

Entre os acordos entre empresas, está memorando de entendimento entre a China Communications Construction Company (CCCC), a maior empresa de construção civil na China, e a Vale para avaliar a construção de uma ferrovia no Pará, um projeto de R$ 7 bilhões.

A Suzano anunciou três acordos, incluindo um com a Cosco para a construção de cinco navios de transporte de celulose. A elétrica chinesa State Grid fechou acordo com a hidrelétrica de Furnas para desenvolver projeto de revitalização de Itaipu. Já a Seara anunciou a compra de 280 caminhões elétricos da JAC Motors. Entre os Estados, o Rio Grande do Norte fechou memorando de entendimento com a Associação Sino-Brasileira de Mineração, que prevê investimentos em mineração, incluindo a construção de um laboratório de avaliação de minerais preciosos. Confira os 15 acordos federais:

Em viagens presidenciais, há dois quesitos fundamentais para se analisar o sucesso ou o fracasso da missão: os acordos concretos, a troca de assinaturas entre os presidentes e seus ministros, e os gestos, carregados de simbolismos. Lula volta da viagem à China com a mala cheia em ambos os indicadores.

No aspecto prático, 15 acordos e memorandos de entendimento foram fechados em áreas como comércio, mídia, agricultura e tecnologia, entre outros. O Ministério da Fazenda estima que a cooperação englobe algo equivalente a US$ 50 bilhões.

Não é pouco se lembrarmos que, de Washington, na visita a Joe Biden, em janeiro, o presidente brasileiro saiu apenas com uma promessa, até agora não confirmada pelo Congresso americano, de investimento no Fundo Amazônia - nem o valor é certo, embora se fale em US$ 50 milhões.

Sobre gestos, fundamentais na diplomacia, a visita a Pequim e, no dia anterior, a Xangai, foi impregnada deles.

A cerimônia de boas-vindas foi completa, a primeira a um chefe de Estado desde que a China pôs fim às regras draconianas de "covid zero", em dezembro. Teve tapete vermelho, passagem das tropas em revista, crianças sacudindo bandeirinhas dos dois países e até banda marcial tocando Um Novo Tempo, de Ivan Lins, para agradar os brasileiros.

No dia anterior, em Xangai, outro gesto: Lula usou os óculos de realidade virtual da Huawei, na sede da empresa - alguém que gosta de analogias poderá dizer que o presidente passou a olhar a eventual nova ordem global pelas lentes chinesas.

E já que estamos falando de gestos, por que não incluir palavras? E aí talvez esteja o único senão da troca de gentilezas. Lula disse que ninguém vai impedir a aproximação entre Brasil e China. Lembrou, de caso pensado ou não, Vladimir Putin ao celebrar, em Moscou, semanas atrás, a "parceria sem limites" sacramentada com Xi Jinping.

RODRIGO LOPES

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