quinta-feira, 28 de março de 2013



28 de março de 2013 | N° 17385
PAULO SANT’ANA

Empregadas domésticas

Sempre tive empregada doméstica, desde meus 30 anos de idade.

Nunca paguei fundo de garantia para elas, a lei não me obrigava.

Devo confessar que sempre paguei somente o seguinte para minhas empregadas domésticas através do tempo: 13 salários anuais, férias, INSS. E só.

Mas agora estará sendo promulgada pelo Senado uma norma que me obrigará a pagar fundo de garantia, horas extras, creche para os filhos da empregada, seguro contra acidentes no trabalho, seguro-família e muitos outros penduricalhos assustadores.

Não sei como poderei pagar todas essas obrigações. Devo achar um jeito.

No entanto, declaro que são justos esses avanços sociais para as empregadas domésticas.

Vou mais longe, essa nova lei talvez signifique a redenção dos últimos vestígios da escravidão que nos assombram desde séculos.

Se eu, aqui no emprego que tenho como jornalista, tenho direito a uma plêiade de direitos trabalhistas que usufruo na medida de minhas necessidades, por que as empregadas domésticas não teriam os mesmos direitos? Por quê? Afinal, elas são iguais a mim. E, nesses séculos todos, não foram iguais a mim.

Tenho de me envergonhar de que fingia desconhecer essa violenta desigualdade: tenho vergonha de não ter tido vergonha dessa vergonha.

Num ponto, o ex-presidente do Grêmio Paulo Odone tem razão: a imagem da Arena do Grêmio vem sendo desgastada com certas atitudes e opiniões que são lançadas no debate.

Eu também não gosto desse maniqueísmo instalado entre nós: de um lado, os que dizem que a Arena foi um péssimo negócio para o Grêmio; do outro, os que dizem que foi um ótimo negócio.

Mau ou bom negócio, o negócio é levá-lo em frente porque já está feito, realizado, definitivo.

Isso no entanto não impede que Grêmio, Arena e OAS não corrijam as arestas deixadas pelo contrato e as façam desaparecer com negociações e diplomacia.