sexta-feira, 15 de maio de 2015

Jaime Cimenti

Felipe Daiello, a História e as histórias
DIVULGAÇÃO/JC

Como se observa nas últimas décadas do século passado e nestes primeiros anos do século XXI, ganhou relevância a literatura de ficção que, além de apresentar fundos históricos, apresenta detalhes turísticos, receitas culinárias, noções estéticas, dados locais, meditações filosóficas e tantos outros elementos que vêm cativando leitores de todos os continentes.

Ou seja, além do prazer de ler ficção, os leitores aproveitam para agregar conhecimentos históricos, culturais, gastronômicos e tantos outros, tornando o hábito de ler ainda mais rico.

Os leitores, muitas vezes, preferem os contos, novelas e romances históricos pela dificuldade, atualmente, de encontrar obras de história que não tragam, já na origem, tendências e orientações que fogem dos rigores científicos.

Felipe Daiello, engenheiro, professor, empresário e escritor, há pouco nos apresentou a coletânea de contos As rodas da fortuna (AGE, 288 páginas), seu décimo livro, no qual trabalha histórias nas quais a História e muitos elementos dela figuram em meio aos elementos ficcionais. Na apresentação, o poeta, tradutor e professor Armindo Trevisan escreveu: “a história, cujos lances Daiello faz reviver com seus episódios, escritos num estilo comunicativo e ágil, acaba convertendo-se em amável convite para percorrer léguas e léguas da História em si, como as poderia percorrer um turista com sensibilidade aos aspectos das paisagens, aos mil e um incidentes da jornada, e até aos sortilégios das Mil e uma noites do Oriente”.

Depois da fase de livros infantis, depois dos contos eróticos para mulheres - Os segredos da fechadura - o escritor andava trilhando caminhos que pareciam rotineiros, os azares da Bolsa de Valores, os riscos do mercado de renda variável e tal. Mas uma visita ao Cemitério Megalítico, na Irlanda do Norte, um dos mais antigos do mundo, mudou o processo de criação inicial.

As 16 narrativas de As rodas da fortuna se iniciam com A espiral da eternidade, história que começa às margens do Laffey, córrego que envolvia a pequena povoação e onde vivia Sheemah, discípulo de Armahay. O último conto do volume, Huguenotes: mestres artesões ficcionaliza as terríveis perseguições que sofreram os huguenotes, especialmente a partir de 1550, na França, onde os protestantes franceses passaram as maltratá-los.


As demais narrativas trazem cenários romanos, egípcios, vikings, Gênova, Firenze, Lisboa, Rota do Incenso e outros que marcaram a humanidade. Enfim, nas páginas da obra, os leitores poderão apreciar boa ficção e, ao mesmo tempo, conhecer muito de história, cultura, hábitos e cenários de vários pontos do mundo.