DIA DO PROFESSOR
Educação - As alegrias e os desafios de ensinar
Na data celebrada hoje, reportagem de Zero Hora apresenta as histórias de Evelise Pereira e Jonas Camargo, que compartilham a realização de inspirar crianças e adolescentes em sala de aula, além das motivações que os levaram a escolherem a profissão.
Evelise Pereira, 53 anos, ainda estava abrigada no apartamento de familiares, na Capital, quando voltou a dar aulas de Ciências na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito Edgar Fontoura, em Canoas. Havia se passado um mês desde que a água invadira sua casa no bairro Rio Branco, no município da Região Metropolitana. A professora deixou a residência na noite de 3 de maio, após ser resgatada de barco, apenas com a roupa do corpo e uma bolsa - com objetos pessoais e o único livro que lhe restou.
- Estava preocupada com o trabalho, porque teria que dar aula na segunda-feira e precisava dos materiais. Mas só voltamos para casa 150 dias depois. A água passou da altura das portas, encheu e ficou assim umas três semanas. Sobrou pouquíssima coisa. Minha casa tinha muitos livros, quase todos se desmancharam na água. Sobrou um que estava dentro da minha bolsa e um que meu filho pegou. Foi devastador - relembra a professora.
Formada em Biologia, Evelise dá aulas há mais de três décadas e, neste mês, concluiu seu doutorado. Sem familiares formados no Ensino Superior, se inspirou na única profissão com a qual tinha contato durante a infância, por meio da escola. Após o nascimento dos filhos, decidiu tentar outra função, que lhe oferecesse um salário maior. Foi bancária por um tempo, mas logo retornou às salas de aula:
- A coisa de que mais gosto e sei fazer melhor é lecionar. É algo que me dá muita satisfação. O melhor lugar para se estar é em uma escola. Tem muitos problemas, mas ainda é o melhor lugar para trabalhar, porque trabalhamos com vida o tempo inteiro. Vemos transformação na vida dos estudantes, vemos perspectivas de mudanças.
Parte da família
Assim como Evelise, Jonas Camargo, 40 anos, sempre soube que seria professor. A diferença entre os dois é que, para ele, a maior inspiração veio da família. Nascido em Lajeado, no Vale do Taquari, Jonas é neto, filho e sobrinho de alfabetizadoras - o que significa que cresceu ouvindo histórias sobre alunos e rotinas em sala de aula.
Formado em História, ele começou a trabalhar oficialmente como professor há 16 anos, mas sua primeira experiência com alunos ocorreu ainda na adolescência, quando auxiliava a mãe em suas aulas no Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova), em Canoas. Atualmente, é docente de Ciências Humanas no Colégio Israelita, em Porto Alegre.
O professor garante que é muito feliz em sala de aula e que a docência lhe traz muitos ganhos, não apenas no âmbito profissional. Jonas destaca que os alunos são uma espécie de "fonte da juventude" e que a troca no ambiente escolar é também uma experiência de afeto, que desperta novas curiosidades:
- Ser professor oferece um sentido para a vida. E não escolhi só ensinar coisas, escolhi ensinar História. Escolhi dizer para as pessoas que o passado, a memória, a nossa experiência humana neste planeta deixam marcas e que nós somos responsáveis pelas marcas que ficam.
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