quarta-feira, 23 de outubro de 2024


23 de Outubro de 2024
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Maioridade diplomática em veto do Brasil

Antecipado pelo assessor especial Celso Amorim, o veto brasileiro à entrada da Venezuela no Brics, o bloco econômico que começou com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e está em fase de expansão, é um sinal de maioridade diplomática. Não há como defender a entrada da Venezuela enquanto o ditador Nicolás Maduro estiver dando as cartas, fraudando eleições, desrespeitando os direitos humanos e censurando a imprensa. O presidente Lula, que já foi o melhor amigo da Venezuela, está até hoje esperando pelas atas das últimas eleições que a Comissão Nacional Eleitoral diz que Maduro venceu.

Dito isso, é impossível ignorar a contradição em relação a outros parceiros, incluindo a Rússia da formação original. A Rússia de Putin só difere da Venezuela de Maduro porque é um país rico e poderoso do ponto de vista militar. Mas também é uma ditadura que frauda eleições, não permite a liberdade de imprensa e desrespeita os direitos humanos. A China, igualmente. Nenhum país deixa de negociar com a maior potência da Ásia, mas todos sabem que é, sim, uma ditadura.

No ano passado, foram aceitos como parceiros Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes. O governo dos aiatolás do Irã, que apoia terroristas e não tem respeito pelas mulheres, não é uma companhia com quem um democrata tenha prazer em dividir uma mesa. A ditadura saudita da mesma forma, haja vista o que faz com os seus adversários. Nesse grupo, Maduro não chega a parecer anormal.

Foi para tentar ser aceito que Maduro desembarcou de surpresa em Kazan, ontem, primeiro dia da reunião de cúpula dos Brics. Mesmo tendo o apoio da poderosa Rússia, não deverá ser desta vez que o ditador venezuelano ganhará a carteirinha de sócio, a menos que consiga virar o jogo nas próximas horas. Mas há outros tiranos na fila que poderão ganhar esse privilégio, ampliando as contradições no grupo que tenta se contrapor à influência dos Estados Unidos e da União Europeia.

O presidente Lula foi obrigado a participar da reunião por videoconferência por causa do acidente em que caiu e machucou a cabeça no último sábado. Os médicos recomendaram que evitasse viagens longas e ficasse em Brasília para poder fazer exames de acompanhamento da evolução do traumatismo. 

Aliás

Os críticos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terão de dar a mão à palmatória: depois de o Brasil ter melhorado na avaliação de uma das principais agências de classificação de risco, podendo voltar a sonhar com o "grau de investimento", agora é o Fundo Monetário Internacional que eleva de 2,1% para 3% a previsão de crescimento do PIB em 2024. O aumento é o maior entre as 16 principais economias globais.

Receita infalível para os candidatos que querem fazer o eleitor fugir da política: seguir dando prioridade aos ataques, rebaixando o nível das campanhas e mentindo para ganhar votos. Depois, não reclamem da elevada abstenção.

Corpo a corpo é a aposta de Melo e Rosário na reta final da campanha

Presença forte nas ruas: essa é a aposta tanto de Maria do Rosário (PT) quanto de Sebastião Melo (MDB) para os últimos dias de campanha em Porto Alegre. Os dois candidatos vão intensificar o contato direto com o eleitor, enquanto procuram destacar as diferenças entre os projetos nas propagandas de rádio, televisão e redes sociais, onde o clima é cada dia mais belicoso.

Ontem, Rosário ganhou reforço para caminhada no Centro Histórico: a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que percorreu a Rua dos Andradas com a candidata e discursou para os militantes que acompanharam o ato.

- Nós estamos aumentando a presença de rua, diariamente há mutirões em todas as regiões da cidade. Estamos muito confiantes na tradição da esquerda do clima de chegada, e as últimas pesquisas mostram que é uma diferença (entre Melo e Rosário) que perfeitamente dá para buscar, há um clima de virada - projeta Cícero Balestro, um dos coordenadores da campanha petista.

De licença até 29 de outubro, Melo também está mais presente nas ruas. Sem compromissos do Executivo, o prefeito pretende se dedicar a participar de quantos compromissos forem possíveis até o final de semana. O candidato faz panfletagem em sinaleiras, caminhadas pelas ruas da Capital e visita aos comércios.

- Estamos intensificando os trabalhos de rua, buscando contato mais direto do Melo com o eleitor. Vai ser uma semana muito dedicada ao corpo a corpo. Ele vai buscar o maior número possível de agendas com as comunidades. Queremos mostrar mais as propostas - destaca André Coronel, coordenador-geral da campanha do prefeito. _

Quem leva créditos no porto de Arroio do Sal

Planejado à época de Dom Pedro II, o porto de Arroio do Sal, que agora caminha para ser construído pela iniciativa privada, tem na sua origem recente a obstinação de duas pessoas: o ex-prefeito de Passo Fundo Fernando Machado Carrion, ex-deputado federal, e o senador Luís Carlos Heinze (PP).

Carrion, que estudou o assunto em profundidade como relator da Lei dos Portos, andava para cá e para lá com um mapa embaixo do braço, tentando encontrar quem quisesse ouvi-lo sobre um projeto que à época parecia fadado ao fracasso: a construção de um porto no Litoral Norte. Heinze apostou e assumiu a causa quando ninguém acreditava nela.

O protagonismo de Heinze vem sendo reivindicado, com razão, por três companheiros de partido: o presidente de honra do PP, Celso Bernardi, o suplente do senador, Ireneu Orth, e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo. _

Apoio de Simon

Surpreendendo correligionários, o ex-senador Pedro Simon (MDB) gravou vídeo de apoio à candidatura da jornalista Cristina Graeml (PMB) a prefeita de Curitiba. Na gravação, Simon diz que Cristina é "capaz, responsável e tem um grande programa". Em Curitiba, o MDB está na coligação de Eduardo Pimentel (PSD).

O apoio foi intermediado pela esposa de Simon, Ivete, amiga de Cristina. Ambas frequentam a mesma igreja, a Porto de Cristo. _

mirante

O presidente Lula caiu no banheiro do Palácio da Alvorada tentando cortar as unhas dos pés. No mesmo lugar, Jair Bolsonaro caiu, bateu a cabeça e passou uma noite em observação no hospital, no final de 2020.

Nas redes sociais, o prefeito Sebastião Melo publicou uma foto com a mãe e escreveu: "Saudades, Dona Mariazinha!". Foi uma forma de contestar a interpretação da Justiça Eleitoral de que chamar Maria do Rosário de Mariazinha é ofensivo.

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