segunda-feira, 29 de maio de 2023


29 DE MAIO DE 2023
ACERTO DE CONTAS

Popular dá espaço ao SUV no mercado

O cenário do venda de veículos mudou nos últimos 10 anos no Rio Grande do Sul. Os carros de entrada novos, com menor tecnologia embarcada e preços mais acessíveis, perderam espaço. Em 2013, detinham 24,53% do mercado gaúcho. Em 2022, foram 8,47%. Agora, nos quatro primeiros meses de 2023, representam 5,54% das vendas. Por outro lado, os utilitários esportivos (SUVs) saltaram de 10,04%, em 2013, para 54,09% no mesmo período, assumindo a liderança do setor.

Uma das explicações está na indústria. Hoje, são comercializados mais de cem modelos de utilitários esportivos no país, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Já os veículos de entrada estão reduzidos a praticamente dois: o Fiat Mobi e o Renault Kwid. Modelos que outrora eram líderes de venda, como o Gol, da alemã Volkswagen, foram, aos poucos, deixando de ser produzidos.

- É uma tendência mundial. Nos Estados Unidos, há apenas dois modelos por menos de US$ 20 mil. Em 2017, eram 11. No Brasil, dos 20 carros mais vendidos, só seis são de menor valor. Com a pandemia, falta de insumos e problemas de comercialização, as montadoras tiveram que produzir menos, então priorizaram os que dariam maiores ganhos - explica Paulo Siqueira, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado (Sincodiv RS), que enviou os dados à coluna.

Além disso, os próprios veículos de entrada foram ficando mais caros à medida que começaram a receber novas tecnologias, algumas obrigatórias de segurança e redução de emissão de poluentes. Isso, somado às crises econômicas que o país enfrentou recentemente, afastou uma parcela da população do mercado do "zero quilômetro".

Para fechar, o presidente avalia que o crédito restrito tem impactado as vendas. Também comenta que, para além do preço do carro em si, é preciso ser levado em consideração outros custos agregados.

- Não adianta ter um preço popular, mas a tributação, por exemplo o IPVA, ser impopular. Taxas de licenciamento, seguro, preços de peças de reposição caros também afastam o consumidor.

Sem mudança

As medidas do governo federal para baratear os carros não deve reverter a liderança das SUVs, avalia Siqueira.

- Dificilmente o cenário atual se reverteria considerando apenas o preço do veículo. Tem que estar atrelado a uma política de crédito eficaz entre outros elementos - finaliza.

DANIEL GIUSSANI INTERINO

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