sexta-feira, 19 de junho de 2020



19 DE JUNHO DE 2020

DIÁRIOS DO MUNDO


As revelações do livro que Trump quer proibir


O livro The Room Where It Happened, de John Bolton, já é o mais esperado do ano nos EUA. Escrita pelo ex-assessor de Segurança Nacional e um dos falcões da Casa Branca, a obra de 577 páginas que o governo tenta evitar que seja publicada (inicialmente, o lançamento está previsto para o dia 23) traz revelações sobre os bastidores do governo americano. A mais grave seria que Donald Trump teria pedido à China apoio para se reeleger, em novembro. Mas há outras, que comprometem as relações entre os secretários e mostram o suposto desconhecimento do presidente sobre assuntos internacionais - entre eles, geografia. A CNN obteve trechos da obra. Veja algumas revelações.

1 Durante jantar do G-20, em 2019, Trump teria dito ao presidente chinês, Xi Jinping, que o apoio dos eleitores do Meio-Oeste seria fundamental para sua reeleição (permanecer no poder seria uma obsessão do americano). Ele teria pedido a Xi que comprasse mais produtos agrícolas dos EUA (em especial soja e trigo). Em troca, evitaria a imposição de novas barreiras comerciais.

2 Conforme Bolton, Trump também teria dito a Xi que seguisse com campos nos quais o governo chinês costuma "aprisionar e reeducar" minorias, como os muçulmanos uigures. "É a coisa certa a fazer", teria afirmado.

3 Outra passagem mina a relação entre Trump e assessores, como o secretário de Estado, Mike Pompeo. O livro descreve um encontro entre Trump e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. Na reunião, o americano promete lutar no Senado para derrubar sanções contra o regime comunista em troca do desmantelamento do programa nuclear norte-coreano. Naquele momento, Pompeo teria passado a Bolton um bilhete referindo-se ao chefe: "Ele é um mentiroso!".

4 O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, teria questionado Bolton sobre a relação com o genro de Trump, Jared Kushner, negociador do governo para o Oriente Médio. Ele duvidava da capacidade de Kushner de lidar com o conflito entre judeus e palestinos. O que levava Trump a acreditar que Kushner seria bem-sucedido em um tema que nem Henry Kissinger conseguiu? Este era um dos questionamentos.

5 Os bastidores do dia a dia na Casa Branca são os pontos mais interessantes do livro. Bob Woodward, em sua obra Medo: Trump na Casa Branca revelou que assessores chegam a esconder documentos de Trump para garantir a segurança nacional. Bolton compara reuniões na sede do poder a encontros de universitários - que não estariam à altura da importância das decisões: "Depois dessas reuniões, se eu acreditasse em ioga, provavelmente teria usado suas práticas", escreve Bolton. Trump teria pouco interesse no funcionamento do governo e estaria mais preocupado com a reação da mídia a suas decisões.

6 Bolton escreve que Trump teria reclamado pessoalmente a ele sobre as sanções aplicadas à Rússia em razão do caso do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skirpal e de sua filha no Reino Unido. Queria encontrar uma forma de retirá-las por entender que eram duras demais contra o presidente Vladimir Putin.

7 Antes de um encontro em Helsinque com Vladimir Putin, Trump teria perguntado a assessores se a Finlândia seria parte da Rússia.

8 Trump teria insistido, em várias ocasiões, na opção militar contra o regime de Nicolás Maduro. Teria dito a assessores que "a Venezuela é parte dos EUA" e dizia não entender por que os americanos estavam no Afeganistão e no Iraque e não no país caribenho.

RODRIGO LOPES

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