sábado, 20 de junho de 2020


20 DE JUNHO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

Novo rumo na educação

Abraham Weintraub não vai deixar nenhuma saudade de sua passagem pelo Ministério da Educação, ao menos para aqueles que verdadeiramente se preocupam com o ensino no Brasil. Mas, independentemente de quem fique à testa do MEC a partir de agora, será preciso uma guinada que faça a pasta retomar o foco para a sua função precípua de formular políticas de aprendizagem para dezenas de milhões de crianças e jovens, deixando de lado polêmicas inúteis.

Os últimos 18 meses, primeiro com Ricardo Vélez Rodríguez e depois com Weintraub, foram um tempo precioso desperdiçado com controvérsias dispensáveis em torno de questões superficiais, confrontos estéreis e discussões ideo- lógicas por meio de redes sociais, enquanto o mais relevante, a urgência em melhorar a qualidade da educação no país, foi ficando à deriva.

Não há milagre capaz de levar o Brasil a um outro patamar de desenvolvimento. Os degraus do progresso, como mostram os exemplos de todas as nações que lograram melhores condições de vida para sua população, foram escalados pela via da educação. O drama nacional é que pequenas correções de rumo não são suficientes, como atestam as avaliações internacionais em que o desempenho dos alunos brasileiros é comparado com o de estudantes de outros países. Enquanto o Brasil fica estagnado, os demais, principalmente os pares emergentes, avançam celeremente, o que no fim significa uma mão de obra mais produtiva em todas as áreas e uma economia mais competitiva e forte, capaz de uma inserção altiva na era do conhecimento, sem apenas ir a reboque da ciência e do conhecimento alheios.

O desastre da educação brasileira, é preciso admitir, não começou no atual governo. Mas se agravou, piorando o que já era deficiente, pelo absoluto desperdício de energia em temas secundários. O imenso atraso do Brasil, agora, exige uma revolução que plante as sementes de um amanhã mais promissor. A pasta da Educação, na verdade, é um ministério do futuro, que infelizmente ficou mais distante com a atual inépcia que domina o MEC. Mas sempre há tempo de reencontrar o rumo.

A questão, de qualquer forma, vai muito além da figura de um ministro. Todo cidadão, com ou sem filho na escola, deve se engajar de corpo e alma na batalha para a educação se transformar de fato em uma prioridade. E não se trata apenas de direcionamento de mais recursos, mas de uso adequado dos orçamentos, criatividade e vontade de mudança. Os ganhos, ao longo dos anos, se multiplicam, materializando- se em um desenvolvimento mais robusto, duradouro e, principalmente, inclusivo. Como está o ensino em todos os níveis e esferas, o verdadeiro progresso continuará sempre uma quimera no Brasil.

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