segunda-feira, 22 de junho de 2020


22 DE JUNHO DE 2020
DAVID COIMBRA

Teremos duas semanas decisivas no Rio Grande do Sul

Neste domingo, liguei para o governador Eduardo Leite a fim de falar da minha decepção com as autoridades do Rio Grande do Sul. Refiro-me à luta contra o coronavírus. Porque lá atrás, em março, nos disseram o seguinte: "Vamos fazer o isolamento agora para dar tempo de fortalecer o sistema de saúde". Eles citavam com frequência as duas curvas, a do contágio da doença e a do número de leitos de UTI. Mostravam gráficos. Enfatizavam que era preciso "achatar" a curva do contágio, enquanto encorpavam a da saúde. Acreditei nisso. Muita gente acreditou. O Rio Grande do Sul deu exemplo de contenção da doença e foi um dos Estados em melhores condições sanitárias do Brasil.

Então, como pode agora, com o já esperado recrudescimento do ataque do corona, virem as autoridades nos falar de possibilidade de esgotamento do sistema? Não houve tempo, afinal, para aparelhar os hospitais e os profissionais de saúde?

Foi isso que perguntei ao governador, neste belo e quente primeiro dia do inverno, e ele respondeu que, sim, houve tempo. O governo atingiu sua meta de implantação de 600 leitos de UTI e até a superou. Hoje, a situação dos hospitais do Estado é bem melhor do que era há três meses.

Insisti: se é assim, por que se fala em chance de esgotarem-se as vagas nas UTIs?

Eduardo Leite observou que, se o trabalho não tivesse sido feito no outono, as vagas se esgotariam no inverno. Porque o contágio é muito veloz e muito abrangente. Mas, com um pouco mais de restrições, será possível relaxar logo adiante.

Desloquei meu interesse para esse ponto. Porque a observação do governador significa que estamos passando por um período crítico. Sendo assim, a dúvida é: quanto tempo durará esse período? Eduardo Leite informou que, baseados no histórico das doenças respiratórias do Estado, os especialistas calculam em duas ou três semanas. Ou seja: o resto de junho e mais um pedaço de julho. Esse naco de ano será decisivo. Os gaúchos terão de reforçar a vigilância. É preciso uma dose extra de resistência. De resiliência, para usar a palavra da moda.

Para encerrar, quis saber do futebol. O futebol é um setor diferenciado, onde são tomados mais cuidados do que em outras áreas. Será que o campeonato gaúcho poderá voltar a ser disputado em 19 de julho, como aprazado? O governador não disse que não. Nem que sim. Disse que o ideal seria adiar um pouco mais essa data. "Em agosto seria melhor", acrescentou. Em resumo, precisamos ter a virtude mais exaltada pelos orientais: paciência. Neste inverno, mais do que todos os outros de nossas vidas, temos de ter paciência.

DAVID COIMBRA

Nenhum comentário:

Postar um comentário