terça-feira, 30 de junho de 2020


30 DE JUNHO DE 2020
NÍLSON SOUZA

Renascimento pós-pandemia


Sei que meu otimismo beira a ingenuidade, mas estou a cada dia mais convencido de que a pandemia, em paralelo ao sofrimento que causa, também está fazendo a Terra ficar redonda novamente e colocando o obscurantismo no seu devido lugar. Acuada pelo inimigo comum, parcela expressiva da humanidade volta-se para a ciência, para a colaboração e para a valorização da democracia - ainda que persistam no mundo preocupantes focos de negacionismo, autoritarismo e falta de compaixão.

É inquestionável que sairemos quebrados desta crise, pois a paralisação das atividades econômicas e o desemprego certamente condenarão milhões de indivíduos a um período prolongado de privações. Já há, porém, sinais visíveis de adaptação aos novos e desafiadores tempos que virão. Isoladas pelo medo do contágio, as pessoas estão se descobrindo menos egoístas e consumistas, e ao mesmo tempo mais cooperativas, criativas e fraternas.

Não me arrisco a dizer que sairemos dessa encrenca muito melhores como seres humanos, pois a história da nossa espécie mostra o quanto somos suscetíveis a recaídas. Mas creio firmemente que, depois da catástrofe, ingressaremos num período de renascimento moral e cultural, caracterizado pelo amor à vida e à natureza, pela busca do conhecimento e pelo respeito ao outro.

Como o vírus não faz distinção entre povos ricos e pobres, nem entre nacionalidades, raças e religiões, fica escancarado que somos todos parentes e que estamos no mesmo barco. Só nos resta, portanto, remar juntos (por enquanto, com o devido distanciamento social) para sairmos da tormenta e voltarmos a águas tranquilas.

Está bem, barco talvez seja uma imagem demasiado reducionista. Segundo o Woldometers, um site perturbador que atualiza dados mundiais em tempo real, éramos 7.794.469.895 humanos no exato momento em que digitei esta linha. Mesmo com a pandemia, os algoritmos mostravam mais do que o dobro de nascimentos por segundo em relação às mortes. Em breve seremos 8 bilhões de sobreviventes - a maioria conscientes de que a saúde é a nossa maior fortuna.

NÍLSON SOUZA

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