sábado, 11 de junho de 2022


11 DE JUNHO DE 2022
MATÉRIA DE CAPA

Casados a distância

Confiança, criatividade e muito amor definem a receita que deu certo para casais que resolveram assumir o mais simbólico dos compromissos, cada um na sua casa

A história de amor de Mocita Fagundes e Tarcísio Filho já tem quase 13 anos e, desde o começo, é vivida em uma linda e maluca ponte aérea. A produtora de filmes publicitários, de 57 anos, tem residência fixa em Porto Alegre, enquanto o ator, da mesma idade, mora no Rio de Janeiro. É um casamento a distância, do qual os dois dizem se orgulhar muito.

Mocita falou publicamente sobre a relação em abril deste ano, por meio do seu perfil no Instagram. No post, relatou que o casal não se encontrava havia quase um mês, mas que isso não mudava em nada o amor entre eles, que aprenderam a conviver bem com a saudade. "Casamento, para mim, não é acordar e dormir todos os dias juntos. É ter liberdade, respeito e admiração", escreveu ela.

A relação a distância não foi planejada, mas aconteceu por ser a forma mais racional de levá-la adiante, já que suas vidas profissionais estão alicerçadas em Estados diferentes. Para além disso, os filhos de Mocita ainda eram crianças e adolescentes quando o namoro começou, o que demandava a presença da mãe no Rio Grande do Sul.

- Casamento, para mim, é muito mais do que um dia a dia compartilhado. Eu me sinto próxima ao Tarcisinho emocionalmente. Gosto do olhar dele sobre as minhas coisas. Respeito sua opinião, ouço seus conselhos. Morro de tesão por ele. Não preciso estar grudada nele o tempo inteiro. Nem acho isso legal. Casamento é cumplicidade e também liberdade. É daí que vem o respeito e a admiração - afirma Mocita.

O post do casal foi divulgado em um perfil de notícias sobre famosos com mais de 20 milhões de seguidores e suscitou centenas de comentários de toda sorte. Alguns elogiosos ao formato não-convencional, mas outra parte em tom de espanto ou deboche. Mocita conta que os comentários "preconceituosos, machistas e cruéis" revelam uma incompreensão sobre relações mais "fora da caixa", mas em nada abalaram o casamento ou sua autoestima, já que é uma mulher realizada - no amor, na profissão e na maternidade.

Seu relacionamento com o marido, explica, é baseado em um interesse mútuo de estarem juntos para o que der e vier. Já Tarcísio argumenta que, mesmo diferente da maioria, o arranjo funciona para eles e não tem menos ou mais valor do que um casamento tradicional, em que se divide o teto.

- As pessoas são diferentes e têm necessidades diferentes. Para nós, funciona assim. Para outra pessoa, não há de funcionar e está tudo bem. Mas estar junto todo dia não valida nada. Isso, sim, é um mito. Conheço um monte de casais que não fica afim de estar junto o tempo todo, apesar de estar. A presença física diária pode ser muito boa, mas não determina o encanto que você tem por aquela pessoa. Relacionamento é você dividir a sua vida, não importa como seja - pontua ele.

A relação amadureceu ao longo dos anos e não deixou espaço para insegurança. É alicerçada no respeito, na confiança e no entendimento de que cada um é livre em suas escolhas. Mocita conta que, enquanto o marido é mais discreto e curte os momentos em que pode ficar em casa, lendo um livro, ela é fã do agito, do Carnaval, das maratonas de corrida, coisas que são dela e que realiza individualmente. O tempero é a torcida um pelo outro, seja nas conquistas solo ou em dupla.

- Não há insegurança. Aquela mulher é louca por mim e sabe que eu sou louco por ela. Eu faço propaganda da minha mulher, e ela também. Diz "olha meu gato, como tá lindo" e vice-versa, porque a gente admira muito um ao outro. Na verdade, a paixão e o tesão iniciais, quando viram amor, se transformam em respeito e admiração. Essas são as palavras-chave da nossa relação e poderiam ser de qualquer outra, se vendo todos os dias ou mais espaçado.

Estando "no bico dos 60 anos", como define Tarcisinho, e com os filhos de Mocita já adultos, o casal estuda a possibilidade de morar junto no futuro. Até lá, continuam abusando da tecnologia - desde o MSN, nos primeiros anos da relação, ao WhatsApp e o Facetime - para conversar. Do primeiro "bom dia, amor!" ao último "até amanhã". E se encontram quando podem, quando a passagem de avião não está tão cara e quando a saudade aperta.

- Entendemos que nossas prioridades do cotidiano são bem diferentes e convivemos muito bem com isso. Nossa relação, do jeito que é, faz muito sentido para nós. Nosso amor é maduro. Se tivermos que abrir mão de algo, está tudo certo. Eu adoro ir para o Rio ficar com ele e com a Glória, e Tarcisinho adora vir para o Sul - comenta Mocita.

LETÍCIA PALUDO

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