segunda-feira, 27 de junho de 2022


27 DE JUNHO DE 2022
EM DIA

UM LUGAR ONDE POSSO USAR O QUE TENHO

Lisboa. Logo que cheguei aqui, conversei com amigos residentes, pessoas que vieram tentar uma vida melhor, e todos foram unânimes: "Aqui se vive bem!". É por isso que Portugal - e especialmente Lisboa - atrai tanta gente do mundo inteiro. Em cada lugar a que se vai, a variedade de línguas é incrível. O dia a dia é a grande diferença. A vida acontece nas ruas. Aqui o cidadão é o dono da rua, as faixas de segurança são de segurança mesmo, as crianças vão sozinhas para a escola. Aniversários, festas populares, shows, apresentações de orquestras são comuns nas praças. Aqui podemos usar e desfrutar do que temos.

A saúde e a educação públicas e privadas são boas.

A cidade tem uma variedade de meios de transporte acessíveis - metrô, ônibus, bonde, barco, bicicleta elétrica, patinete. O metrô é limpo, bonito, com paredes que mais lembram uma galeria de arte. Os portugueses trabalham para viver, e não vivem para trabalhar. O ritmo é tranquilo e eles não têm a nossa urgência. O convívio com a família é prioridade.

Estar diante de todas essas possibilidades reais de um viver mais tranquilo, no primeiro momento, causa estranheza. Em seguida, passamos a perceber que o estado de alerta - de luta ou fuga - que temos ligado o tempo todo no Brasil vai aos poucos sendo desinstalado. É triste ver que muitos de nós acreditam que esse modo de viver é o normal e que não há o que fazer. Portugal nos lembra que podemos viver de forma diferente.

Tudo começa com menor desigualdade social. Os supersalários e os salários de fome são raros. Há uma grande classe média. O salário mínimo é de 705 euros (R$ 3.842,25). E a vida, mesmo com o mínimo, é digna. Por incrível que pareça, é possível comprar muito mais comida do que no Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Há uma rede de proteção social, para quem não quer ou não pode usar serviços privados, que deixa a população segura. Ninguém fica sem assistência. Não vi nenhum morador de rua, nem alguém catando latas para sobreviver. 

Não é preciso usar carro blindado, encher os prédios de câmeras, grades, seguranças armados, nem sair pela rua com medo de ser assaltado. É proibido andar armado. É importante que cada um de nós saiba que viver inseguro, sem suas necessidades básicas de vida atendidas não é algo normal. Não vai ser armando a população que vamos nos proteger da violência, e sim diminuindo essa diferença entre pobres e ricos. A dignidade de uma vida humana com suas necessidades atendidas é um direito de todos. Viver bem e poder usar o que se tem é um direito de todos! 

ALFREDO FEDRIZZI CONSELHEIRO E CONSULTOR

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