terça-feira, 12 de dezembro de 2017


12 DE DEZEMBRO DE 2017
ECONOMIA

UM A CADA CINCO GAÚCHOS É APOSENTADO OU PENSIONISTA

PERCENTUAL DE BENEFICIÁRIOS DO INSS dobrou em 24 anos, o que deixa o Estado seis pontos acima da média brasileira

O percentual de aposentados e pensionistas do INSS na população gaúcha disparou em 24 anos. De 1992 a 2015, essa parcela praticamente dobrou ao passar de 10,3% para 20,4% dos habitantes do Rio Grande do Sul, aponta o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O percentual é o maior do país e significa que uma em cada cinco pessoas recebem os benefícios.

Publicado ontem, o estudo mostra que o percentual de aposentados e pensionistas é superior à de idosos na população gaúcha, que eram 17,7% em 2015. Ou seja, o contingente de beneficiários se expandiu com a inclusão de pessoas com menos de 60 anos.

Assim como no Rio Grande do Sul, o grupo de quem recebe benefícios também cresceu no país - passou de 8,2%, em 1992, para 14,2%, em 2015. Segundo o coordenador de Previdência do Ipea e um dos autores do estudo, Rogério Nagamine, o cenário sustenta a visão do governo federal de que é preciso uma reforma.

- A alta na expectativa de vida da população nos últimos anos é positiva, algo natural. Mas o problema é que está afetando o sistema previdenciário. O preço de não haver reforma é a conta se tornar impagável aos trabalhadores ativos - pontua o pesquisador.

O levantamento utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. O recorte de 1992 a 2015 ocorre porque a metodologia usada pelo instituto não sofreu alterações significativas no intervalo.

CENÁRIO PROVOCA AJUSTES NAS ATIVIDADES ECONÔMICAS

Ao analisar a situação gaúcha, o coordenador menciona que o fato de o Rio Grande do Sul ter o maior percentual de idosos no país é um dos fatores que explicam o elevado nível de aposentados e pensionistas. Os dados retirados da Pnad também apontam que a idade média dos aposentados no Estado passou de 64,6 para 66,6 anos no período pesquisado.

Coordenador do Núcleo de Demografia e Previdência da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Pedro Zuanazzi considera que o resultado do estudo é "natural". Para o especialista, o alto percentual de idosos está relacionado a uma combinação de fatores.

- O Rio Grande do Sul tem uma das taxas de fecundidade mais baixas do país. A expectativa de vida é alta, mas o Estado perde muitos jovens para outras regiões - afirma Zuanazzi.

O especialista acrescenta que o avanço da participação de idosos tende a causar mudanças na economia. Segundo Zuanazzi, um exemplo desse movimento foi visto na recessão:

- Na crise, um dos segmentos que mais cresceram foi o farmacêutico. Estudos mostram que idosos têm consumo maior na área de saúde. A economia se adapta às transformações.

LEONARDO VIECELI