quarta-feira, 14 de maio de 2025



14 de Maio de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Pepe Mujica não se deslumbrou com o poder

Para quem gosta de imaginar encontros no Além, é tentador pensar numa conversa entre Pepe Mujica e o papa Francisco. Com quase a mesma idade, vizinhos separados pelo Rio da Prata, o ex-presidente uruguaio e o Papa morreram com poucos dias de diferença, numa dessas coincidências que nos fazem lembrar o que tinham em comum na quadra final de suas vidas, já que na juventude trilharam caminhos diferentes.

Jorge Mario Bergoglio escolheu a religião, José Mujica, a política. A seu modo, cada um se rebelou contra a ditadura que assombrou a América Latina nos Anos de Chumbo.

Mujica foi guerrilheiro, mas quando chegou ao poder pelo voto mostrou-se um dos governantes mais pacíficos do planeta. Encerrado seu período de mandato, seguiu na chácara simples onde vivia como um simples camponês. Ali recebia quem quisesse algumas horas de prosa - e não foram poucos os simpatizantes de seu jeitão despojado que afundaram o caminho para conhecer pessoalmente uma das maiores lendas da política latino-americana.

Preocupação com a desigualdade

No governo do Uruguai, nunca se deslumbrou com o poder. Tentou ser um presidente justo, que investiu em políticas sociais para tornar o país menos desigual. Sempre destacou que não precisava mais do que aquilo que tinha para viver.

Até o carro, um velho Fusca fora de linha, combinava com as roupas e os sapatos gastos. Sabendo que seu estado de saúde era irreversível, fez dos últimos anos uma espécie de roteiro de despedida, semeando frases que se espalharam pelo continente, e a ele foram atribuídas outras que nunca pronunciou. Em um dos discursos mais emocionantes, disse em 2024:

- Sou um velho partindo. Precisamos trabalhar pela esperança. Eu te entrego meu coração. Preciso agradecer à vida porque, quando estes braços partirem, haverá milhares de braços para me substituir.

Em 2020, cunhou outra frase que entrou para a sua biografia: "A política me encanta e não gostaria de ir, mas a vida me encanta mais". _

Senadores transformam em circo o que deveria ser apuração séria

Talvez você nunca tenha ouvido falar de Virginia Fonseca, a influenciadora que movimentou o Senado ontem ao depor na CPI das Bets. Trata-se de uma celebridade de internet, conhecida por compartilhar seu dia a dia de mulher rica em vídeos que envolvem o marido, o cantor sertanejo Zé Felipe, e os filhos.

Virginia foi à CPI por fazer propaganda para empresas de jogos online desde 2022.

Apesar da seriedade do tema, os senadores aproveitaram para ganhar alguns minutos de fama. Nenhum superou Cleitinho (Republicanos-MG), que pediu para fazer um vídeo com a influenciadora para a esposa e a filha.

O clima circense acrescentou mais um tijolo na imagem de inutilidade das CPIs.

A comissão deveria se preocupar com a manipulação de resultados, com as empresas que operam de forma ilegal e com as famílias endividadas porque um dos seus membros gasta com jogos o que deveria ir para o supermercado. _

Servidores da Educação relatam o drama do endividamento. Moção pede volta da pasta da Mulher

Cerca de 90% dos deputados estaduais gaúchos assinaram uma moção que recomenda ao Piratini a recriação da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, extinta em 2015. O pleito é de autoria de Bruna Rodrigues (PCdoB) e conta com o apoio de outros 47 parlamentares de diferentes ideologias e até mesmo integrantes da base do governo.

A moção chama a atenção para a baixa cobertura no território estadual das Patrulhas Maria da Penha e das Delegacias de Atendimento à Mulher (Deams), além dos poucos abrigos para acolher as vítimas. _

Justiça suspende aumento em Ijuí

Uma decisão judicial anulou o aumento dos salários do prefeito, do vice e dos vereadores de Ijuí. Aprovada em 2023, durante sessão extraordinária no início do ano convocada pelo prefeito Andrei Cossetin (PP) - reeleito em 2024 -, a medida elevou o vencimento do chefe do Executivo para R$ 36 mil, o mais alto do Estado e superior, inclusive, ao do governador, que recebe R$ 35 mil.

A juíza Simone Brum Pias avaliou que não houve a devida transparência no processo e que os projetos não tinham a urgência exigida para serem apreciados em sessão extraordinária. _

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