quinta-feira, 15 de maio de 2025


15 de Maio de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Dever e obrigação moral do governo na fraude do INSS

É fato que a compensação aos aposentados que começaram a ser notificados de terem sido vítimas de fraude deveria ser feita com os bens das entidades que se beneficiaram da fraude. Conforme o governo, haveria R$ 2 bilhões em patrimônio das fraudadoras que seriam alvo de apreensão para pagar essa conta. O problema é que o cálculo está perto de R$ 6 bilhões, portanto faltam R$ 4 bilhões - na melhor das hipóteses, uma vez que liquidar os R$ 2 bilhões não é uma missão fácil de cumprir.

Outra "orientação" é de que as associações terão de indenizar diretamente as pessoas de quem fizeram desconto sem autorização. É sonho de uma noite de outono. Portanto, é melhor começar logo a buscar espaço no orçamento para completar os recursos necessários ao ressarcimento. Como tudo indica que o Congresso foi leniente - de novo, na melhor das hipóteses -, destinar emendas para essa finalidade seria um exercício patriótico saudável, ainda que pareça inalcançável.

É dever do governo buscar recursos dos fraudadores, mas é sua obrigação moral garantir a compensação dos lesados, mesmo que seja com dinheiro público - o meu, o seu, o nosso. Afinal, se há uma certeza é a de que os sistemas de controle do órgão que tem o maior orçamento da União não funcionaram. E isso, outra vez na melhor das hipóteses, só foi possível porque o INSS não cumpriu seu dever de proteger as pessoas às quais deve sua existência.

Indignação, mas tardia

Vai sobrar para o ministro mais exposto do governo Lula, o da Fazenda, Fernando Haddad, encontrar a solução de um problema com o qual ele faz questão de mostrar indignação - ao menos um:

- O que tem de mais sagrado é a pessoa trabalhar a vida inteira e depois conseguir a sua aposentadoria, a sua pensão dignamente. Uma pessoa focar nesse público para levar vantagem? A partir de um crime? É uma coisa indigna num grau, realmente acho que enojou o país inteiro.

Mas até Haddad dizer isso, na última segunda-feira, não havia indignação no governo com essa fraude vergonhosa. O colega da Justiça, Ricardo Lewandowski, no dia da Operação Sem Desconto, acenou com um vago "um dia" como prazo para ressarcimento. E só abordou essa necessidade depois de ser perguntado.

Nesse mesmo dia, foi questionada a presença do ainda ministro da Previdência, Carlos Lupi, que aprofundou a crise ao defender o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

Agora, sabe-se que o melhor, talvez, fosse que nenhum dos dois estivesse presente, porque Enrique Lewandowski, filho do ministro, é advogado de uma das associações suspeitas.

Ou, como a coluna ouviu de um interlocutor que conhece bem esse universo, são "organizações para lá de suspeitas". _

Enfim, dólar turismo fica abaixo de R$ 6

A calmaria no mercado financeiro pode beneficiar até os gaúchos que têm viagem marcada para os próximos meses. Depois de oscilar perto de R$ 6 por meses, o câmbio turismo experimenta um patamar abaixo dessa barreira psicológica. Em Porto Alegre, ontem era encontrado em versão física por R$ 5,90.

O dólar turismo é diferente do comercial, que serve para grandes operações de compra e venda e ontem fechou com ligeiro avanço de 0,42%, para R$ 5,632. Na véspera, havia sido cotado no menor valor em sete meses.

Na versão cartão pré-pago, o câmbio turismo em Porto Alegre está perto de R$ 6,15.

Conforme analistas, faltou novidade positiva para alimentar o otimismo da véspera, mas como os dois termômetros andaram meio de lado, nada muito negativo entrou no radar.

No entanto, analistas já especulam sobre a eventual substituição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que teria saída prevista do governo no máximo até abril do próximo ano para disputar as eleições.

Até o final do ano passado, a possibilidade teria provocado nervosismo no mercado financeiro, que considerava o ministro fiador de algum ajuste fiscal. Mas depois da frustração com o pacote de cortes, a percepção é de que Haddad perdeu poder. _

Insegurança jurídica no Brasil é lenda.

Luís Roberto Barroso

Presidente do STF, que vê o problema como "litigiosidade" tributária, trabalhista e de saúde. Essa foi forte.

Educação executiva

A empresa gaúcha de curadoria de palestras PSA vai entrar no mercado de educação executiva. A nova vertical de negócios vai se chamar PSA.Edu. O fundador da empresa, Marcio Spagnolo, é também responsável pela criação do The Best Speaker, reality show de palestrantes.

A PSA.Edu vai operar com base no método Advisor, que constrói conhecimento coletivo por reflexão e debate. Os principais mentores são: Luis Justo (Rock in Rio), Paulo Lima (Trip), Rodrigo Vicentini (ex-NBA), Ivan Martinho (WSL), Gustavo Borges, Ricardo Basaglia e Richard Stad.

Cutucando a onça Trump com vara curta

Não precisava, justo agora que Donald Trump começa a se inclinar à realidade, cutucar essa onça com vara curta. Foi o que fez Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira na China. Mesmo incluindo na declaração uma ressalva importante, o presidente da República voltou a um tema que causa ruído na relação com o presidente dos Estados Unidos:

- A gente não quer brigar com o dólar. Quer, na verdade, criar um jeito de encontrar ou uma moeda ou uma cesta de moedas que possa permitir que a gente possa fazer negócio sem ficar dependendo de uma única moeda.

Também é preciso considerar o fato de que não foi uma declaração espontânea, mas provocada por perguntas de jornalistas. Mesmo assim, Lula poderia usar uma fórmula mais diplomática, depois da ameaça explícita de Trump de elevar para 100% a tarifa de países que tentem substituir ou tirar a relevância do dólar.

Também é verdade que o bullying de Trump com tarifas de três dígitos parece já ter virado peça do museu de grandes novidades. Mas como o presidente dos EUA é instável, seria melhor manter o discurso comercial brasileiro longe de seus ouvidos. Da forma como foi feito, vai chegar.

Até agora, a diplomacia brasileira está se comportando à altura do desafio imposto pelos EUA. O método foi parecido com o do Reino Unido, primeiro a obter ao menos um esboço de acordo comercial no manicômio tarifário em que Trump mergulhou o mundo.

Tomara que o atual ocupante da Casa Branca esteja mais ocupado com a validação dos termos do acordo com a China que ajudou a devolver algum otimismo ao mercado financeiro. _

GPS DA ECONOMIA

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