
Pressão cresce, e Haddad fica entre mar e rochedo
Depois de alcançar a mínima de R$ 5,645 durante o dia, o dólar moderou a queda diante do agravamento do impasse em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Fechou com baixa de 0,5% ontem, para R$ 5,666. A pressão cresceu com o ultimato do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos- PB), de segurar só por 10 dias a tentativa de derrubar o decreto que elevou as alíquotas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse de que não havia alternativa.
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que eventual derrubada do decreto do IOF, com arrecadação prevista de cerca de R$ 19 bilhões, comprometeria todo o Minha Casa, Minha Vida, mais investimentos do Ministério da Defesa. No entanto, afirmou que a equipe econômica vai buscar, em 10 dias, "construir uma solução, para dar uma resposta à altura do problema". Afirmou que teria "soluções estruturais para a situação fiscal que o país enfrenta". Segundo Haddad, foi o que pediram Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Detalhe: em dezembro passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros palacianos fecharam a porta para as "soluções estruturais".
O "sofrimento" do ministro
Motta pediu a presença de Lula na discussão de alternativas. Sugeriu opções, como revisão dos benefícios fiscais - tão polêmica como aumento de imposto - e a taxação das bets para compensar a eventual revogação do reajuste do IOF. Alertou, ainda, que seria um "equívoco" o governo recorrer ao Judiciário para sustentar a medida em caso de derrubada no Congresso.
Com forte especulação sobre perda de força de Haddad, o ministro da Fazenda acompanhou Lula em evento e desabafou:
- Servir ao governo do presidente Lula é sempre uma coisa interessante. Por mais que você sofra com o tanto que você é criticado (...), tem o dia de hoje para apagar todo o sofrimento e a gente celebrar a vida de vocês.
Lula fez um afago, mas não deu "solução estrutural". _
As entregas e as perdas de Musk
O balanço da passagem do bilionário Elon Musk pelo governo dos EUA como chefe do "Departamento de Eficiência Governamental" foi mesmo uma piada. De mau gosto. Como o próprio Musk havia anunciado, foi "extremamente trágico" para milhares de americanos demitidos e centenas de programas de ajuda emergencial a países pobres ou de renda média, como o Brasil, interrompidos. E não parece sequer ter sido "extremamente divertido" para ele, como pretendia.
Para lembrar, a sigla em inglês do "departamento" de Musk era Doge, nome da memecoin que tem como símbolo um cão da raça shiba inu, a preferida de Musk. A pretensão do bilionário era cortar US$ 2 trilhões em despesas. No balanço mais recente, a estimativa era de redução de US$ 160 bilhões, mas essa conta não deduz os custos provocados pelas demissões. Embora seja verdade que o custo dos cortes só pesa uma vez, enquanto a remoção da despesa permanece, a ação arbitrária e caótica de Musk não provoca inveja nem dos maiores defensores de ajustes fiscais. Não por acaso, a saída ocorre logo depois que o bilionário explicitou decepção com a "big, beautiful bill", que concedeu bilhões de dólares em renúncia fiscal.
Enquanto cortava bilhões do orçamento americano, Musk também viu os lucros da Tesla encolherem algumas centenas de milhões. No primeiro trimestre, o resultado despencou de US$ 1,4 bilhão em 2024 para US$ 409 milhões neste ano.
Conforme o Bloomberg Billionaires Index, Musk havia perdido US$ 121 bilhões - para comparar, o PIB da Eslováquia - de sua fortuna pessoal até o mês passado. Suas ações na passagem pelo governo dos EUA provocaram boicote à marca Tesla, especialmente na Europa. E o tarifaço do "chefe" Trump corroeu mais um pedaço do valor de mercado de seus negócios. Nem sua queridinha dogecoin escapou: em seis meses, acumula perda de 48,5%. _
Aporte de fundo em startup
Um aporte de R$ 5 milhões vai dar largada a fundo de R$ 300 milhões na Região Sul. A Clínica Experts, startup de Lajeado que faz gestão de clínicas de saúde e prestadores de serviços, é a primeira gaúcha a captar recursos com o Criatec 4. O fundo de capital tem participação do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Badesul e é destinado a projetos de inovação.
Com cerca de 5,5 mil clientes em 12 países, a Clínica Experts prevê investir os R$ 5 milhões em novas funcionalidades para sua plataforma, como soluções de pagamento. A ferramenta já pode ser usada para agendamento, cadastro de pacientes e financeiro. Conforme o fundador e CEO da Clínica Experts, Tiago Mário, a previsão é chegar a dezembro com receita recorrente mensal de R$ 2,2 milhões, resultado de salto para 12 mil clientes.
Tarifaço de Trump treme, mas não cai
Bolsas subiram na Ásia e nos EUA, ontem, depois que o Tribunal de Comércio Internacional bloqueou o tarifaço do presidente dos EUA. Conforme a decisão, Donald Trump extrapolou sua autoridade ao impor tarifas gerais sobre importações. A Casa Branca recorreu e, antes do final do dia, o tribunal federal de apelações dos EUA restaurou a principal arma da guerra fiscal.
O tribunal de comércio havia afirmado que a definição constitucional é de que Congresso tem "autoridade exclusiva" para regular o comércio, o que não poderia ser anulado pelos poderes emergenciais do presidente para proteger a economia dos EUA.
A ação havia sido movida pelo Liberty Justice Center em nome de cinco pequenas importadoras afetadas pelas tarifas. Há ao menos outros sete processos contestando a guerra comercial de Trump, incluindo ações movidas por 13 Estados e grupos de empresas.
Ao justificar a medida, os três juízes que compõem o grupo afirmam que "o tribunal não se pronuncia sobre a sensatez ou a provável eficácia do uso de tarifas pelo presidente. Esse uso é inadmissível não porque seja imprudente ou ineficaz, mas porque (a Constituição) não o permite". Trump ganhou a batalha, mas a abertura do caminho judicial pode inspirar outras iniciativas. _
bC dos EUA acentua independência
No primeiro encontro presencial entre Donald Trump e o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jerome Powell, o presidente dos EUA afirmou que seria um "erro" não reduzir o juro básico no país. Em comunicado publicado no site do Fed, Powell diz não ter comentado com Trump suas expectativas para a política monetária. E fez questão de acrescentar "exceto para enfatizar que o rumo da política dependerá inteiramente das informações econômicas que vierem a público e do que elas indicarem para as perspectivas econômicas". Ou seja, que o BC dos EUA seguirá independente.
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