segunda-feira, 19 de maio de 2025


19 de Maio de 2025
GPS DA ECONOMIA - Vitor Netto

Natalie Unterstell - Presidente do Instituto Talanoa

"Adaptação é o tema do ano e não um assunto para depois"

De olho na COP30 - Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática, que ocorre em novembro no Pará -, a coluna conversou com Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, uma organização que atua para o desenvolvimento de políticas climáticas e em frentes de combate aos impactos socioambientais.

Quais as expectativas da organização para a COP30?

Temos uma expectativa inicial que a adaptação seja prioridade, porque esse é o tema com mais decisões a serem tomadas. E é o assunto que mais toca na nossa vida. Estamos aqui em Porto Alegre (a coluna conversou com Natalie durante o South Summit Brazil), nesse lugar que há quase um ano estava embaixo d?água. A adaptação é isso. Como é que nos preparamos para esse cenário de que outra enchente virá? Esperamos ter mais resiliência, mais capacidade de lidar. 

Já conseguimos convencer o governo brasileiro de que seja prioridade, mas agora vem a hora dos detalhes do pacote. A adaptação é o tema do ano, e não um assunto para depois. Mas, quando falamos de adaptação, algumas pessoas pensam que a transição dos combustíveis fósseis ficou para lá e é exatamente o oposto, porque não tem como se adaptar a um mundo 3°C mais quente. Não existe adaptação se você não fizer a transição o mais rápido possível.

Se o tema do ano for adaptação, o que deveria constar no documento final do evento?

Estamos falando aqui de Porto Alegre e estamos vendo o que poderia ser feito para que as infraestruturas de uma cidade e as pessoas estivessem preparadas e mais protegidas. O que teria de ter funcionado no ano passado que não funcionou? Os diques, as bombas, a drenagem, então a adaptação é aquilo que precisamos realmente resolver. E o que pode constar no pacote são as obrigações e oportunidades. Acho que tem três grandes pontos: um é como você mede a adaptação, porque é a partir das medidas que você vai calibrar o financiamento e as coisas que você precisa fazer. 

Isso nos ajuda a falar: adaptação é visível, real e concreta. A outra coisa é o financiamento. No ano passado teve a decisão dos US$ 300 bilhões em fundos públicos até 2035 e uma necessidade de caminharmos para US$ 1,3 trilhão. Esse é um ponto muito crítico, porque vai ser feito um relatório pelo Brasil, que vai ter de mostrar como é que alcançaremos esses trilhões, e ali é preciso ter uma baita concretude em relação aos mecanismos para isso. O terceiro é um chamado para que não invistamos mais em infraestruturas que não sejam resilientes.

A COP29 contou com pouca participação de líderes mundiais. Acredita que o Brasil conseguirá agregar mais representantes?

Acho que o Brasil tem muito mais poder de convocatória, é um país muito legal e que tem muitos amigos, então acho, sim, que vêm aí os parceiros tradicionais do Brasil. Acho que neste momento precisamos reforçar a confiança no sistema multilateral, reforçar os mecanismos de solidariedade. Acho que vamos ter, sim, um caldo aí de figuras importantes que virão ao Brasil para poder reforçar, engrossar esse coro.

 Há mais de um ano o governo não tem autoridade climática. Como deveria ser esse cargo?

Vamos ser bem claros: não é um cargo. A discussão não pode ser sobre quem vai ser, tem de ser qual será essa estrutura. A expectativa é que isso saia antes da COP, mas como uma estrutura, porque hoje temos um grande vazio. Falávamos de adaptação e hoje não temos um lugar, uma agência que está cuidando disso em tempo integral, com estrutura. Essa é a nossa expectativa, que venha uma nova governança climática e que ela tenha autoridade, mas tenha também um conselho participativo, porque hoje um dos grandes buracos que vemos também na política brasileira é que ela está muito centrada no governo federal. 

Hoje não temos um espaço deliberativo que conte com os governos dos Estados, dos municípios, com a sociedade civil organizada, com a academia. Por isso que falo de nova governança. Não é só uma autoridade, você tem que ter uma agência operadora, mas você tem que ter ali um conselho estratégico, direcionador. _

Novas bibliotecas para escolas comunitárias de Porto Alegre

A prefeitura de Porto Alegre vai entregar novas bibliotecas para 10 escolas comunitárias da Capital por meio do projeto Tecendo Infâncias com Leitura. A iniciativa beneficiará instituições parceiras da rede municipal de educação infantil, alcançando 1.370 crianças com novos espaços de leitura.

Parceria

Desenvolvido pela ONG Cirandar e pelo Instituto Tecendo Infâncias em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), o projeto está sendo realizado em etapas. Atualmente, representantes das escolas participantes estão fazendo um curso de formação na UFRGS, que aborda literatura para primeira infância, qualidade literária e suas relações com educação para questões de gênero e raciais.

As 10 escolas selecionadas também receberão mentoria sobre práticas de leitura e formação de leitores. A lista das instituições beneficiadas será divulgada hoje e inclui os bairros Restinga, Partenon, Passo das Pedras, Cristal, Mário Quintana, Sarandi, Farrapos, Jardim Carvalho, Cidade Baixa e Vila Nova.

- As escolas ganharão mobiliário, acervo e R$ 3 mil para promover ações voltadas à leitura - contou o secretário de Educação, Leonardo Pascoal. _

JBS de Nova Santa Rita conta com 24 caminhões elétricos

A JBS aumentou em sete vezes sua frota de veículos 100% elétricos no país, que agora totaliza 281 caminhões. No Rio Grande do Sul, 24 unidades estão em operação na cidade de Nova Santa Rita.

Os veículos possuem capacidade para transportar até três toneladas e contam com baús frigoríficos que mantêm os produtos resfriados e congelados dentro dos padrões exigidos, sem utilizar a energia do próprio veículo.

De acordo com a empresa, o uso desses caminhões impacta diretamente o desenvolvimento de um modelo sustentável, tanto no município onde operam quanto nos trajetos realizados diariamente por todo o Estado. 

GPS DA ECONOMIA

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