
16 de Maio de 2025
MARCO MATOS
Legado dos imigrantes
A próxima terça-feira, dia 20, marca os 150 anos da imigração italiana aqui no nosso Estado. Eu cresci ouvindo sobre o quanto isso fez a diferença na formação cultural e econômica do RS.
Todas as pessoas que saem da sua terra para tentar a vida em outro lugar carregam o peso de fazer dar certo. Não há outra opção. É o que acontece hoje em dia com os outros imigrantes que estão vindo pra cá.
Mas em 1875 o mundo era muito diferente. Eu imagino a saudade que eles sentiam das pessoas que ficaram para trás. Quantos desses imigrantes conseguiram voltar para visitar alguém? Eu desconheço. Ao chegar aqui, a vida ganhou um novo ponto de partida.
Subiram a Serra com poucas ferramentas e abriram caminhos. Ajudaram uns aos outros, comunidades surgiram e a fé sempre se manteve inabalável. E quantos santos vieram junto com os imigrantes! Eu sou devoto de Nossa Senhora de Caravaggio.
Não precisa ter descendência italiana para ter orgulho dessa história. O maior legado dos imigrantes é justamente alguns dos traços que formaram o povo gaúcho. Somos um povo trabalhador, batalhador. Na enchente, ano passado, a gente viu bem esse espírito de solidariedade e de ajuda, bem característicos de quem entende o valor da vida em comunidade.
Claro que tem a comida boa: polenta, massa, tortéi, agnolini, galeto, nhoque... Bah, essa lista poderia ser imensa! E toda a tradição cultural das músicas, jogos, jeito de falar, da arquitetura, tudo isso tem que ser celebrado nesse ano tão especial.
Eu nasci e cresci em Caxias do Sul e o valor do trabalho é o ensinamento mais importante que recebi em casa. Isso fez e faz uma diferença enorme na minha vida. Sempre soube que pra conseguir o que eu queria, o caminho era um só: trabalhar. E esse verbo pode ser aberto em muitas possibilidades. Trabalhar duro é se dedicar, botar energia e não reclamar à toa.
Sempre quando eu escuto alguém falar da minha cidade, logo vem um comentário como "mas lá só trabalham". Não é, necessariamente, uma verdade. Eu também acho que só trabalhar e não aproveitar a vida é um desperdício.
Uma vez, meu nono me contou a seguinte história: perguntaram a um homem por que ele trabalhava tanto e pensava muito em guardar dinheiro se um dia ele iria morrer. E ele respondeu:
- Mas quem tem certeza que eu vou morrer amanhã? _
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