quinta-feira, 22 de maio de 2025


22 de Maio de 2025
NOTÍCIAS

Dal Agnol guardava quase R$ 5 milhões em dinheiro vivo

Passo Fundo

Quantia foi encontrada na casa e no escritório do advogado, já investigado por se apropriar de indenizações de clientes, e que voltou a ser alvo de ofensiva do Ministério Público, ontem. Somando-se automóveis, imóveis e créditos financeiros, valor apreendido na ação chega a R$ 40 milhões

Eduarda Costa

Uma ofensiva do Ministério Público deflagrada ontem no norte gaúcho localizou R$ 4,7 milhões em dinheiro na casa e no escritório de Maurício Dal Agnol, advogado que está impedido de exercer a profissão. O dinheiro teve que ser levado a uma agência do Banrisul para ser contabilizado, com uso de máquinas. O total apreendido chega a R$ 40 milhões, somando-se 25 veículos, mais de 50 imóveis e créditos financeiros.

A Operação Barba Negra, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, com apoio da Brigada Militar, fez buscas em três endereços de Dal Agnol, em Passo Fundo e Barra Funda. A ação investiga a lavagem de dinheiro obtido com apropriação indébita de créditos relacionados a ações judiciais. Os agentes também apreenderam documentos, celulares e ao menos quatro armas, além de grande quantidade de caixas de charutos e bebidas.

Na residência do advogado, na Vila Luiza, em Passo Fundo, foram apreendidos dinheiro, documentos e dois carros modelos Honda ZRV e Honda CRV. No escritório, no bairro Petrópolis, os agentes também recolheram dinheiro, além de quatro carros: um Kia Sportage, um Celta, uma Captiva e um Renault Megane.

Em nota, o MP informou que a investigação tem como alvo oito pessoas físicas, além de diversas pessoas jurídicas, mas não revela nomes. O texto também não traz detalhes sobre casos específicos que teriam originado a operação de ontem.

Dal Agnol é alvo de mais de 200 processos judiciais. Em um deles, foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto por lavagem de dinheiro. Ainda em 2014, o advogado chegou a ficar preso por seis meses no Presídio Regional de Passo Fundo, após a Operação Carmelina, deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público.

Carmelina

Conforme a investigação realizada à época, Dal Agnol captava clientes e entrava com processos contra empresas de telefonia, como a antiga Brasil Telecom, para reivindicar valores referentes à propriedade de linhas telefônicas fixas. As ações eram julgadas procedentes, mas o valor recebido não seria repassado aos clientes ou seria pago em quantia muito menor da que havia sido estipulada na ação.

A operação foi batizada de Carmelina porque este era o nome de uma mulher que supostamente teve cerca de R$ 100 mil desviados no golpe. Segundo a PF, ela morreu de câncer, e poderia ter custeado um tratamento se tivesse recebido o valor da maneira adequada.

Em outra ação, o acusado foi condenado a pagar R$ 66 milhões por danos morais coletivos em nome dos clientes. A Justiça afirma que o réu deve mais de R$ 230 milhões em ações individuais.

Atualmente, Dal Agnol cumpre pena com tornozeleira eletrônica, por porte de arma. Sua defesa não foi localizada para apresentar contraponto. _

Quatro feridos - Ian Tâmbara

A polícia suspeita que o tráfico de drogas esteja por trás do ataque a tiros que deixou quatro feridos na noite de terça-feira, próximo à Arena do Grêmio. O atentado ocorreu na esquina da Rua Monsenhor Arthur Wickert com a Avenida Padre Leopoldo Brentano, no momento em que torcedores se dirigiam ao estádio para assistir à partida contra o CSA pela Copa do Brasil.

De acordo com o delegado plantonista Carlos Eduardo de Assis, três criminosos chegaram ao local caminhando. Dois deles estavam armados e abriram fogo contra um grupo de pessoas que estava perto do estádio. Conforme Assis, dois dos feridos são torcedores do Grêmio e não seriam os alvos dos atiradores. Um deles tinha acabado de estacionar seu veículo.

Fora de perigo

Os quatro feridos foram encaminhados para atendimento, dois deles no Hospital Cristo Redentor. Um jovem de 19 anos foi atingido no braço esquerdo e na virilha. Outro jovem, de 24 anos, ficou ferido na mão esquerda e no glúteo. Nenhum deles está em estado grave.

A Polícia Civil descarta que o fato tenha relação com possível briga de torcedores e acredita que a motivação esteja ligada ao tráfico de drogas - ainda que considere o ataque "incomum".

- É incomum haver esse tipo de atrito em uma situação assim, quando há um público considerável no local - afirma o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Mario Souza. _ Ataque a tiros perto da Arena pode ter relação com o tráfico

sua segurança - Humberto Trezzi

Polícia deverá investigar se operação teria "vazado"

Deve ser enviado à Corregedoria da Polícia Civil pedido para que seja investigado se um vazamento de informação propiciou a fuga de um líder de facção que comanda uma quadrilha no bairro Mathias Velho, em Canoas. Ele era um dos alvos da Operação Bunker, deflagrada na terça-feira.

Policiais civis foram atrás do investigado em Gravataí ao amanhecer de terça, mas ele tinha fugido. Morava num casarão que os agentes definem como um verdadeiro bunker, com muros altos, paredes duplas, portas e portões com aço, gradil, câmeras e pitbulls. O criminoso rompeu a tornozeleira eletrônica às 2h45min, pouco antes de os policiais baterem na residência dele.

O Ministério Público foi contatado e deve endossar o pedido para que seja investigado se ocorreu vazamento. A ideia é verificar se o foragido se comunicava com policiais civis.

A Operação Bunker teve como alvo facções rivais que controlam conjuntos habitacionais nos bairros Mathias Velho e Guajuviras. Os agentes estranharam que, ao chegarem no condomínio da Mathias, alguém abriu os portões a distância. A dedução é que o próprio chefe do tráfico abriu por controle remoto, para evitar que os policiais fizessem arrombamentos em série. Só que ele já tinha fugido.

Outro gerente do tráfico também rompeu a tornozeleira e escapou minutos antes de os policiais chegarem, mas foi localizado à tarde em casa de familiares. O outro, apontado como líder da facção, se livrou do dispositivo eletrônico e conseguiu escapar.

O corregedor-geral da Polícia Civil, delegado Antônio Vicente Vargas Nunes, ainda não recebeu queixa e prefere não comentar o assunto. 

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