
Apocalipse técnico
O Inter não vive uma crise técnica. Vive um apocalipse técnico. Quando atua com a nata do elenco, é zombado. Quando poupa, é humilhado. Tomamos quatro do Botafogo. Tomamos quatro do Corinthians, que, dias depois, tombou diante do Mirassol.
Nosso time virou piada. Uma vergonha. Um fiasco. Três goleadas consecutivas fora de casa. Uma herança maldita de 11 gols em três partidas. Dezessete gols em oito jogos. Tudo entra. Anthoni aceita qualquer arremate. É um figurante. Aparece apenas caído na foto. Se não teve culpa nos gols, também não teve culpa por nenhuma defesa. Por que não usar o Ivan?
Estufar as redes é um tormento. Só se for de pênalti. Passou da fase de creditar ao azar: é incompetência. São sete embates começando atrás no placar. A única exceção foi contra o Maracanã, da Série D. Estamos a dois pontos da zona de rebaixamento no Brasileiro e em terceira posição no grupo da Libertadores.
Antes das lesões, Enner Valencia e Borré já amargavam abstinência. Wesley também enfrenta uma seca. Recrutou-se o bem-intencionado Lucca de titular, mas são 66 confrontos com a camisa do Inter e apenas três gols. Para ele, marcar é uma raridade, não um hábito. Pelo retrospecto, daqui a 22 jogos, pode conseguir mais unzinho.
Sinto saudade do Alemão e suas bergamotas. Pelo menos nunca careceu de garra, entrega, nem engajamento com a torcida.
Sem artilheiro, não se vai longe. Vide Pedro Raul e Ceará, Yuri e Corinthians, Kaio Jorge e Cruzeiro, Reinaldo e Mirassol, Pedro e Flamengo. Enquanto isso, Gustavo Prado e Gabriel Carvalho sequer são escalados para o combinado misto. Esquentam o banco.
Roger parece técnico de estadual. Serve para o Gauchão, e só. É previsível, engessado, reativo. Extraviou o comando. Quase no nível de Alexander Medina. Próximo do nível de Miguel Ángel Ramírez.
Porque técnico bom é aquele que troca as peças e preserva o padrão. E a gente só mantém a ruindade. Não é ingratidão. É excesso de passividade. E não dá para reclamar da ausência de investimentos. Contamos com um elenco milionário para o nosso padrão, com alguns atletas recebendo mais de R$ 1 milhão por mês.
O que nos salva do protesto no portão 7 do Beira-Rio é a perspectiva teórica da Libertadores e da Copa do Brasil. Mas o que deveria ser um dever corresponde a um milagre.
Caso não tenhamos êxito nas duas competições, como pagaremos as dívidas? Vamos vender o que nos resta de bom? Vitão? Bernabei? Já estamos profundamente atolados no prejuízo.
A última goleada sofrida pelo Internacional com quatro gols de diferença foi em 2021, quando sucumbiu por 5 a 1 para o Fortaleza, no Castelão. Esse resultado decretou o fim de Miguel Ángel Ramírez.
Não é sintomático da falta de rumo? O pressentimento pessimista se repete como recordação antiga. Nunca saímos do lugar. A confusão é cíclica. O mesmo período do ano - abril e maio -, na última década, é sempre pavoroso.
Talvez estejamos provando a pior safra do futebol gaúcho na primeira divisão. O Juventude levou sacola do Flamengo e do Fortaleza: 6 a 0 e 5 a 0. O Grêmio levou 4 a 1 do Mirassol. Agora, o Inter se junta aos tristes sacoleiros.
A rivalidade se resumiu a quem está pior. E unicamente experimentamos oito rodadas.
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