sábado, 24 de maio de 2025



24 de Maio de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Cortes, aumentos, recuos e... final feliz?

Depois do recuo da alta noite de quinta-feira e das explicações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã de sexta, ficou claro que a equipe econômica tentou afastar um fantasma, mas o ruído com o aumento do IOF elevou a desconfiança do mercado em relação a medidas fiscais do governo.

Conforme Haddad, a correção representa redução de cerca de 10% na receita prevista com a alta do IOF, ou seja, de R$ 2 bilhões neste ano e R$ 4 bilhões em 2026. Também afirmou que a perda deve ser compensada por ajuste nos decretos de redução de custos.

- Recebemos subsídios de pessoas que operam nos mercados de que parte da medida poderia acarretar problema e passar uma mensagem não desejada - explicou Haddad sobre o recuo.

A "mensagem não desejada" que circulava desde antes do anúncio oficial da elevação do IOF era a de que o governo desejaria algum controle de capitais, ou seja, de mecanismos para regular a entrada e saída de dólares. Havia sido especulado em dezembro, quando o dólar encostou em R$ 6,30, mas não faria sentido agora que a mão do fluxo se inverteu, e o Brasil tem recebido mais aplicações financeiras dada a incerteza com os EUA.

Conforme um analista de mercado, recuos sempre representam "trincas no cristal da credibilidade". Além do ruído no universo financeiro e corporativo, o anúncio do IOF foi cercado de bate-cabeça interno no governo, entre a Fazenda e os ministérios palacianos, entre a Fazenda e o Banco Central e até mesmo dentro da pasta comandada por Haddad.

Mercado termina semana de bom humor

O dólar abriu a sexta-feira com alta superior a 1%. Era reação ao aumento do IOF anunciado na véspera, que trouxe desconfiança ao mercado, sobretudo pelo temor de controle de capitais. Como houve recuo na medida que gerava maior inquietação, o mau humor diminuiu: o mesmo dólar que antes circulou no patamar de R$ 5,70 fechou em... oscilação para baixo de 0,27%, para R$ 5,646. O principal índice da bolsa brasileira (B3), o Ibovespa, teve alta leve de 0,4%, para 137.824 pontos.

A parte boa é que o governo deve conseguir cumprir o limite inferior da meta fiscal de 2025, ou seja, aproveitando a tolerância de até 0,25% do PIB. Mas se no mercado de capitais a semana tensa terminou bem, no líquido o balanço não é tão positivo, como observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research:

- Apesar do recuo parcial, o episódio revelou os desafios do governo em equilibrar arrecadação e confiança. Foi um alerta importante sobre como medidas mal calibradas podem gerar efeitos macro, micro e reputacionais relevantes. _

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Para IFI, Brasil precisa de "profunda reforma fiscal"

Com função de "xerife das finanças" - não punitivo, mas de fiscalização -, a Instituição Fiscal Independente (IFI) publicou na sexta-feira um alerta contundente: "O esgotamento do potencial de aumento das receitas, o crescimento das despesas obrigatórias, o consequente engessamento radical do orçamento da União (...) e a necessidade de estancar a trajetória ascendente da dívida pública, levarão inevitavelmente a uma profunda reforma do regime fiscal". O cenário é que as despesas obrigatórias crescem a ponto de exigir "despesas discricionárias" (não obrigatórias, mas essenciais para a máquina pública) negativas. Como "despesa negativa" não existe, exige solução. _

GPS DA ECONOMIA

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