sábado, 17 de maio de 2025


17 de Maio de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Fusão bilionária em tempos de gripe aviária

Se na quinta-feira chegou ao fim a maior disputa entre empresas da história recente do país, também foi anunciada uma nova megafusão no setor de proteína animal. As gigantes Marfrig e BRF - resultado de outra combinação de negócios, em 2009 - vão formar a MBRF Global Foods Company, que representa receita líquida anual de R$ 152 bilhões.

O anúncio foi feito na véspera da confirmação oficial do primeiro foco de influenza aviária em granjas comerciais do Brasil, um risco para a avicultura e, por extensão, às empresas que processam e exportam carne de frango e ovos, caso especialmente da BRF - a Marfrig é mais concentrada em carne bovina.

A fusão entre Sadia e Perdigão, que gerou a BRF, ocorreu em período de forte crise internacional, o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. A fusão também foi uma forma de fortalecer as empresas, que na época ficaram expostas a operações com derivativos de câmbio, impactadas pela turbulência financeira.

Anúncio vem depois de tratativas e antes de aprovação

O anúncio oficial foi feito na noite de quinta-feira, depois do fechamento do mercado financeiro. O comunicado costuma ser a parte final de longas negociações, mas também o passo inicial de um processo de aprovação, especialmente no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Do ponto de vista da defesa da concorrência, o que atenua o impacto do negócio é o fato de a Marfrig ter foco em carne bovina, com exportações sobretudo para os EUA, enquanto a BRF tem maior atuação em aves e suínos, com grande fatia de mercado na Ásia e no Oriente Médio. No mercado, o formato é visto como mais vantajoso para os acionistas da Marfrig.

É bom lembrar que o negócio ocorre em plena crise dos ovos nos Estados Unidos, causada pela gripe aviária. E em meio à guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos - apenas por coincidência, a mesma origem do foco no Rio Grande do Sul. Há expectativa de que o acionamento dos protocolos sanitários contenham o contágio, mas o risco aumentou. _

O mercado fez sua avaliação sobre a fusão: na sexta-feira, as ações da Marfrig subiram 21,3% e as da BRF fecharam com avanço de 0,78%, depois de ter queda em quase toda a sessão. A bolsa recuou 0,11% depois de dois recordes.

Terminal vai a leilão

O terminal POA26 do porto da Capital deve integrar o segundo bloco de leilões portuários de 2025, confirmado na sexta-feira pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor). A previsão é realizar a disputa em julho.

A área deve ser usada principalmente na movimentação e armazenagem de grãos como soja e milho. A previsão de investimento a partir do arrendamento é de R$ 21,1 milhões, com prazo de 10 anos de concessão.

O POA26 havia sido confirmado para o leilão anterior, mas acabou não participando por necessidade de "estudo para adequar o projeto", diz o MPor. _

Reconstrução do RS ainda tem recursos

O fundo RegeneraRS, criado para ajudar na reconstrução do RS, aplicou R$ 13 milhões dos R$ 40 milhões que administra um ano depois do dilúvio de maio de 2024. Os recursos são de gigantes como Gerdau, Fleury, Instituto Helda Gerdau e Vale.

Na área de habitação, um dos maiores gargalos, apoia a construção de 531 moradias. Na educação, recuperou escolas e apoia o Hub de Educação e Resiliência de Encantado. No apoio a negócios, atua com o projeto Estímulo Retomada RS. Em soluções urbanas, atua com Gerando Falcões e Boticário. _

Mudanças no Bolsa Família

Com o papel dos programas sociais no mercado de trabalho sob questionamento, o governo mudou o Bolsa Família. Se não responde a todas as inquietações, a iniciativa reduziu o tempo para manter o benefício de dois para um ano em caso de aumento de renda.

Era uma transição entre a saída do Bolsa Família e a entrada no mercado de trabalho. Até agora, caso houvesse aumento da renda familiar entre R$ 218 e R$ 759 por pessoa, a família tinha direito à metade do benefício por mais dois anos. Além da redução para um ano, o valor máximo de renda per capita para ingresso no programa caiu de meio salário mínimo (hoje R$ 759) para R$ 706, para alinhar à linha de pobreza internacional.

Em 2024, 75,5% do saldo positivo do Caged foi formado por beneficiários. O Ministério do Desenvolvimento Social afirma que "o objetivo é reduzir a fila de espera e priorizar famílias que de fato estão em situação de pobreza ou pobreza extrema". 

GPS DA ECONOMIA

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